A campanha para as eleições europeias, que se realizam em Portugal a 26 de maio, sai esta segunda-feira às ruas. Entre os 17 partidos que apresentaram candidatura junto do Tribunal Constitucional, estão os cinco partidos que conseguiram eleger eurodeputados nas últimas eleições (2014). Mas nem todos partem da mesma posição para estas eleições, nem lutam com as mesma armas.
Partido Socialista (PS)
Pedro Marques foi o nome escolhido para liderar a lista do PS às europeias. As projeções do Parlamento Europeu atribuem-lhe 37,4% das intenções de voto, o que corresponde a nove assentos parlamentares. O resultado fica acima dos 31,46% conseguidos por António José Seguro em 2014. A vitória “poucochinha” nas últimas eleições europeias serviu de pretexto para António Costa se chegar à frente e derrubar António José Seguro, em eleições diretas.
A meta de António Costa é, por isso, conseguir um resultado melhor do que o das anteriores eleições. Nestas eleições, o manifesto eleitoral do PS promete um “novo contrato social para a Europa”, assente em “novas agendas de ordem social, de crescimento e emprego, de inovação e sustentabilidade”. Entre as medidas propostas pelos socialistas estão a adoção de um plano de investimentos para estimular o crescimento das economias dos Estados-membros, a criação de uma nova capacidade orçamental da zona euro, a reforma do Mecanismo Europeu de Estabilidade, o desenvolvimento de uma estratégia europeia específica para a revolução digital e o reforço do combate ao trabalho precário.
Partido Social Democrata (PSD)
Os sociais-democratas partem para a campanha eleitoral com o objetivo de superar os cerca de 900 mil votos (27,7%) conseguidos em 2014, em coligação com o CDS-PP. Paulo Rangel volta a ser cabeça-de-lista do partido (pela terceira vez) e as projeções do Parlamento Europeu são animadoras. O PSD surge em segundo lugar nas sondagens, com 31,9% das intenções de voto dos portugueses, o que, em termos práticos, lhe confere 7 assentos parlamentares.
No manifesto eleitoral para os próximos cinco anos (com o título “Mais Portugal, Melhor Europa”), o PSD defende a criação de um pacote de medidas destinadas a promover e apoiar a juventude, nomeadamente, um programa europeu para a criação do primeiro emprego de jovens até aos 35 anos. Os sociais-democratas propõem a definição de uma política comum para a natalidade para combater o desafio da demografia, a criação de uma força europeia de Proteção Civil e a mobilização de fundos para a criação de um programa europeu de luta contra o cancro.
Partido do Centro Democrático Cristão (CDS)
Desde que Manuel Monteiro chegou à liderança do partido e lhe atribuiu um cariz eurocético, que o CDS foi perdendo peso no Parlamento Europeu. Nas últimas eleições, o CDS avançou coligado com o PSD e apenas conseguiu eleger o cabeça-de-lista Nuno Melo. O desafio para estas eleições é superar essa fasquia, que foi a mais baixa da história do partido e, quem sabe, regressar ao tempo em que o CDS conseguiu ter três eurodeputados eleitos, em 1989. Mas as sondagens não são muito otimistas para os democratas-cristãos: os centristas conseguem 8% das intenções de voto, correspondentes a apenas um lugar no Parlamento Europeu.
As principais linhas programáticas do CDS para estas eleições são a defesa da regra de unanimidade na votação de questões fiscais, o reforço das políticas de coesão e uma maior justiça na distribuição dos fundos da Política Agrícola Comum, o aumento do orçamento da UE e a criação do Mercado Único Digital e de um Mecanismo Europeu de Protecção Civil eficaz no auxílio em situações de catástrofe e medidas contra a seca e a desertificação.
Coligação Democrática Unitária (CDU)
Uma vez mais, o Partido Comunista (PCP) concorre a estas eleições europeias em coligação com o Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV). Nas eleições de 2014, a CDU conseguiu eleger três eurodeputados, depois de ter conquistado 12,68% dos votos (416.446). Este ano, a CDU volta a ter João Ferreira como cabeça de lista e espera manter ou ultrapassar o resultado conseguido em 2014. As projeções do Parlamento Europeu aponta, no entanto, no sentido contrário.
Segundo as projeções, a CDU consegue reunir 10,1% das intenções de voto, o que lhe permite conquistar dois assentos parlamentares. Os comunistas e ecologistas levam para a campanha eleitoral a renegociação da dívida, a hipótese de uma eventual saída do euro e o fim do Tratado Orçamental, de forma a que cada país volte a ser soberano, no que toca a políticas económicas e financeiras.
Bloco de Esquerda (BE)
O BE volta a insistir nestas eleições numa estratégia que se revelou pouco promissora para os bloquistas há cinco anos. Marisa Matias volta a ser cabeça-de-lista, depois de ter conseguido o pior resultado eleitoral dos bloquistas, em 2014, quando o partido reduziu o número de eurodeputados eleitos de três para apenas um e ficou atrás do Movimento Partido da Terra (MPT). Ao todo o BE, conseguiu 149 mil votos, ou seja, 4,56%. Para estas eleições, a meta é eleger, pelo menos, mais um eurodeputado.
As prioridades dos bloquistas para estas eleições são a promoção de políticas laborais que promovam, no espaço europeu, o crescimento dos salários e a contratação colectiva, um maior investimento em energias renováveis e em políticas ambientais sustentáveis, bem como um maior investimento nos serviços públicos e a revogação do Tratado Orçamental e do Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Partido Democrático Republicano (PDR)
Marinho e Pinto é o cabeça-de-lista do PDR, depois de, há cinco anos, o Movimento Partido da Terra (MPT) ter surpreendido o país com a eleição de dois eurodeputados. Na altura, Marinho e Pinto era cabeça-de-lista pelo MPT, mas desavenças internas levaram ao seu afastamento e à criação de um partido à sua imagem e semelhança. Se em 2014, o MPT conseguiu 7,14% dos votos (234 mil), a meta para este ano é conseguir manter o resultado.
As projeções do Parlamento Europeu não deixam, no entanto, grande margem para esperanças. Ao que tudo indica, o PDR não consegue eleger nenhum eurodeputado este ano, sendo ultrapassado por partido mais pequenos como o Aliança e o PAN (que também não conseguem um resultado que lhes permita eleger eurodeputados). O PDR defende o aprofundamento da integração de Portugal na Europa, a fundação de Universidades da União e a criação de um tribunal internacional de trabalho e comércio que se imponha aos actuais limitados mecanismos arbitrais.
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