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PSD-Seixal vai apresentar queixa-crime contra deputado socialista José Magalhães

Deputado socialista reagiu a mudança simbólica de nomes de ruas do concelho perguntando se “uns cacetes terapêuticos não resolveriam o problema”. Sociais-democratas vão pedir proteção policial para candidato Bruno Vasconcelos e recordam que João Soares deixou de ser ministro após prometer “salutares bofetadas” através das redes sociais.
  • PSD-Seixal muda nomes de ruas
    Candidato do PSD à Câmara do Seixal, Bruno Vasconcelos, alterou nomes de ruas do concelho
16 Agosto 2021, 17h34

A concelhia do Seixal do PSD anunciou nesta segunda-feira que irá apresentar uma queixa-crime contra o deputado socialista José Magalhães e contra o vereador comunista Rui Francisco. Em causa estão comentários dos dois políticos a uma ação da candidatura autárquica social-democrata realizada nesta madrugada e que consistiu na mudança simbólica dos nomes de algumas ruas, incluindo a substituição da “Rua Movimento das Forças Armadas” pela “Rua em Memória das Vítimas das FP-25 de Abril”. Um ato que levou o parlamentar a recomendar “cacetadas terapêuticas” num comentário no Facebook, enquanto o autarca, atual cabeça de lista da CDU à Assembleia Municipal de Odivelas, escreveu que “devíamos ir atrás destes pulhas e dar-lhes no focinho”.

Além das queixas-crime, a concelhia do Seixal do PSD também garantiu que irá pedir proteção policial para Bruno Vasconcelos, candidato à Câmara do Seixal e protagonista de uma campanha que promete “mostrar o cartão vermelho ao comunismo”, numa alusão ao facto de a autarquia da margem sul do Tejo nunca ter sido gerido por nenhuma outra força política além do PCP. “É inadmissível que em democracia se recorra à ameaça física para disputar eleições, principalmente quando as mesmas ameaças são encabeçadas por dirigentes partidários e até titulares de órgãos públicos”, disse o social-democrata, que nesta madrugada também substituiu simbolicamente a “Rua Primeiro de Maio” pela “Rua 25 de Novembro” e a “Rua General Humberto Delgado” pela “Rua Major-General Jaime Neves”.

Entre muitas críticas aos “cheganos do PSD” por aquilo que os próprios sociais-democratas descrevem como uma “ação de marketing de guerrilha”, que também incluiu a substituição simbólica de Luís de Camões e de Júlio Dinis por Manuel Maria Barbosa du Bocage e Pedro Eanes Lobato na toponímia seixalense – nesses casos, segundo o PSD, apenas por os dois últimos serem figuras ligadas ao concelho -,  o deputado socialista José Magalhães perguntou, num comentário, se “uns cacetes terapêuticos não resolveriam o problema”.

Tal reação levou a concelhia do Seixal do PSD a “exortar” o PS a retirar a confiança política ao deputado, “perante a gravidade das palavras de José Magalhães e seguindo exemplos anteriores como o do ex-ministro da Cultura João Soares” – que saiu do primeiro executivo de António Costa após prometer “salutares bofetadas” a Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente -, justificando que a referência a “cacetadas terapêuticas” denota que Magalhães demonstra não ter sensibilidade necessária para ter em mãos o dossier da Carta Portuguesa dos Direitos Humanos na Era Digital.

“Um partido de governo que ameaça fisicamente os seus opositores é igual ao que esperaríamos ver em vários cantos do mundo, mas nunca em Portugal. Quando estas atitudes se tornam admissíveis então deixamos de viver em democracia”, defendem os sociais-democratas seixalenses, que também apelaram ao secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, para retirar de imediato a confiança política e a candidatura à Assembleia Municipal de Odivelas de Rui Francisco, atual adjunto do presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares.

Além de pretender “começar já a limpar o comunismo do Seixal”, a mudança temporária de nomes de ruas do concelho foi também justificada pela candidatura social-democrata com a “real necessidade de substituir nomes repetidos de ruas”, numa alegada “queixa repetida” dos munícipes do Seixal que já originou a aprovação de uma recomendação da Assembleia Municipal do Seixal ao executivo camarário.

A mediática campanha social-democrata, que envolve cartazes com figuras de ditadores comunistas como Estaline, Fidel Castro e Mao Tse-Tung, ocorre após o PSD não ter ido além dos 11,84% no Seixal nas autárquicas de 2017, elegendo um vereador, enquanto a CDU voltou a vencer, mas perdeu a maioria absoluta, com 36,54% dos votos e cinco vereadores. Logo atrás, com 31,44% e quatro vereadores, ficou o PS, que alimenta a esperança de pela primeira vez conquistar a Câmara do Seixal nas eleições marcadas para 26 de setembro.

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