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Fórum para a Competitividade: Capacidade de financiamento da economia baixou para 0,2% do PIB em 2018

Só no último trimestre de 2018 a capacidade de financiamento da economia passou de 0,6% do PIB para 0,2% e a capacidade de financiamento das famílias aumentou de 0,5% para 0,7% do PIB no mesmo período, segundo o Fórum para a Competitividade. “O que traduziu um aumento ligeiro da taxa de poupança para 4,6%, ainda assim um registo muito baixo em comparação com o resto dos países da União Europeia”, diz o Fórum.
22 Abril 2019, 16h02

A capacidade de financiamento da economia Portuguesa foi de 0,2% do PIB em 2018, o que compara com 1,1% em 2017. A conclusão consta da análise trimestral do Fórum para a Competitividade, relativo ao 1º trimestre de 2019.

Considerando valores anuais terminados no trimestre, a capacidade de financiamento da economia passou de 0,6% (no terceiro trimestre de 2018) do PIB para 0,2% no 4º trimestre de 2018, sendo que a capacidade de financiamento das famílias aumentou de 0,5% para 0,7% do PIB no mesmo período, “o que traduziu um aumento ligeiro da taxa de poupança para 4,6%, ainda assim um registo muito baixo em comparação com o resto dos países da União Europeia”. A análise tem a assinatura do BiG.

Já o saldo das sociedades não financeiras agravou-se, fixando-se em -2,0% do PIB no 4º trimestre, uma evolução desfavorável que foi igualmente acompanhada pelo sector da Administração Pública (-0,5% do PIB no último trimestre do ano).

A economia portuguesa deve desacelerar nos próximos anos, quer por razões do lado da oferta, quer do lado da procura. Excluindo as previsões extremas, o PIB de 2019 deve crescer entre 1,6% e 1,9%. “É opinião unânime das diversas instituições que a economia portuguesa deverá desacelerar em 2019 e de novo em 2020 e 2021, em linha com o que se deverá passar na zona euro”, lê-se nas Perspectivas Empresariais, relativas ao 1º trimestre de 2019, do Fórum para a Competitividade.

“Em ambos os casos por razões do lado da oferta, porque a taxa de desemprego já está muito baixa”, refere Pedro Braz Teixeira, economista do Fórum. A isto acrescem efeitos do lado da procura, sobretudo externa, que está a abrandar.

“Estamos a desacelerar para uma tendência de crescimento baixíssima, cerca de 1,5%, porque nada foi feito nos últimos três anos para a aumentar”, conclui o Fórum liderado por Pedro Ferraz da Costa.

Em termos sectoriais, espera-se abrandamento na agricultura, indústria, comércio e turismo, estabilização nos outros serviços e melhoria na construção.

Em 2017, as exportações de serviços na rubrica “Viagens e turismo” cresceram 19,5%, quando nos dois anos anteriores tinham crescido em torno dos 10%. “Em 2018, houve uma clara desaceleração face ao ano anterior, para 9,6%, tendo o último trimestre registado um crescimento de apenas 4,0%”, explica o Fórum.

O trimestre terminado em janeiro mostrou melhoria ligeira, para 5,3%. Mas “é duvidoso que os dados do início do ano possam ter continuação, dado o abrandamento da economia europeia e o efeito do Brexit”, explicam os economistas.

O crescimento do emprego deverá abrandar também e a taxa de desemprego deverá cair de forma mais lenta, prevê o Fórum.

A conjuntura internacional está em clara deterioração, “embora seja prematuro falar em recessão”, contextualiza o Fórum. Os riscos principais são as guerras comerciais e o Brexit, que poderão levar a novas revisões em baixa do crescimento económico ao longo de 2019. “Registe-se, como nota positiva, que a China e a Índia deverão manter um forte crescimento”, ressalva o Fórum.

A Euribor a 6 meses deverá permanecer negativa durante todo o ano de 2019, e a recente subida do preço do petróleo não parece sustentável, ao mesmo tempo que os preços do gás natural devem cair ao longo do ano.

A análise trimestral do Fórum lembra que a “Eslováquia, depois de um começo difícil, tem vindo a aplicar um conjunto muito alargado de reformas, o que lhe permitiu passar de um rendimento per capita de 45,7% da UE em 1993 para 81,4% da UE em 2018, tendo ultrapassado Portugal em 2012. É um caso de sucesso que merece ser estudado com maior detalhe, em particular as reformas na área fiscal (redução de impostos e simplificação fiscal); liberalização do mercado de trabalho; reforma da educação e a luta contra a corrupção”, dizem.

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