Todos reconhecemos que a crise pandémica acarreta uma crise económica a que é preciso responder. É a crise das nossas vidas e é importante que todos, sem exceção, estejamos à altura das respostas. A confiança é essencial como catalisador para alavancar a economia, para estimular o consumo e o investimento.

As previsões dos organismos internacionais são claras. O FMI prevê para 2020 uma queda do PIB de 8%, enquanto a Comissão Europeia aponta para 6,8%. Os dados demonstram que parte da cadeia económica “partiu” e, por isso, é evidente a necessidade de capitalizar as empresas.

Esta crise demonstra a importância dos Estados, contrapondo a uma ideologia de menos Estado. Alguns dos que hoje clamam pela sua intervenção eram, há escassos meses, os maiores críticos da intervenção pública. O “liberalismo” só funciona enquanto o Estado não precisar de intervir no mercado e a resposta da “mão invisível” não for suficiente.

A História demonstra que os Estados são centrais na resposta a crises económicas. Neste caso, o Estado permitiu a garantia do emprego (como é exemplo o lay-off simplificado), as respostas sociais e o financiamento das empresas. O papel do Estado é igualmente essencial no apoio aos processos de internacionalização, no apoio à inovação, nos fundos comunitários e na aposta no investimento público.

Este é um momento excecional. É altura de uma aposta clara no investimento público com vista ao seu efeito multiplicador, mas também de garantia que as nossas empresas têm os fundos necessários. Não acredito que exista uma economia saudável sem empresas financeiramente saudáveis. Com esse caminho trilhado, é possível garantir o emprego.

Dessa forma, agora que assistimos à reabertura gradual da economia, é necessário garantir que as empresas têm a capitalização necessária. Para isso, o Estado deve desempenhar o seu papel (e está a fazê-lo) e o sistema bancário corresponder. Ao longo dos últimos anos, os riscos sistémicos financeiros levaram a muitas intervenções públicas na banca. É hora desse sistema não falhar aos portugueses.

O Estado tem autorizado, da parte da Comissão Europeia, mais de 13 mil milhões de euros, estando já disponibilizados 6,2 mil milhões de euros pela sociedade de garantia mútua. Estes empréstimos não necessitam de garantias pessoais.  Além desse montante, é importante que o sistema bancário garanta o financiamento necessário, sem burocracias extremas.

É este caminho que o Governo está a trilhar. As empresas precisam de músculo financeiro para investir, crescer, escalar e ser capazes de retomar uma dinâmica de crescimento.

Esta crise, como todas, pode levar à multiplicação de desigualdades e à necessidade de mais respostas sociais. Contudo, a aposta na economia permite não agravar a situação e manter o emprego.

Com as contas públicas em ordem e com crescimento económico acima da média europeia, alguém teria dúvidas que, se não fosse esta pandemia, o ano de 2020 teria sido um bom ano para a economia? É esta a confiança que todos temos de colocar na estratégia de combater a crise. E se temos bons resultados tal deve-se, em primeiro lugar, aos portugueses, mas também ao Estado que soube responder no momento certo.