“Ter preços mais baixos do que o nosso vizinho não é uma competitividade positiva é uma competitividade negativa e a Europa infelizmente nos últimos anos focalizou-se numa competitividade negativa”, disse Carlos Moedas na sua intervenção na Millennium Talks.
Para o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a competitividades positiva é a produtividade.
“É isso que as vossas empresas fazem e é isso que os políticos deviam agradecer todos os dias, ou seja agradecer a vossa capacidade de aumentar a produtividade do país”, afirmou o autarca.
O papel de um presidente da Câmara não é olhar para a competitividade mas sim para a produtividade, sublinhou Carlos Moedas que enumerou três eixos “muito claros”: a inovação, a sustentabilidade e o estado social.
Carlos Moedas aproveitou a intervenção para fazer um balanço do que têm sido as políticas do Lisboa em relação a esses três eixos.
“Temos de nos focar nas scale-ups”, defendeu o presidente da CML. “Temos de fazer as nossas empresas crescerem. As ideias são boas mas é preciso fazer crescer essas ideias, é preciso ter empresas que crescem”, frisou.
Carlos Moedas considera que é também o trabalho de uma Câmara Municipal ajudar as empresas a ganhar escala. Foi com base nessa ideia “que nós lançamos no princípio desta aventura do governação a fábrica do unicórnios”.
Durante dois anos “pedimos às empresas [estrangeiras] que viessem para Portugal”, relatou Carlos Moedas que explicou que o “pedido era simples”, pois, “os grandes tem que ajudar os pequenos e os pequenos são tão importantes como os grandes, todos são importantes e pode ser um unicórnio que se quer instalar em Lisboa e ter, pelo menos 10 ou 15 pessoas e abrir um escritório. Para mim já era suficiente e foi isso que durante 2 anos trabalhamos e ao fim de 2 anos tínhamos já 12 unicórnios que estavam instalados em Lisboa e esses 12 unicórnios trouxeram muitos outros trouxeram mais de 60 empresas tecnológicas e foram elas que nesses 2 anos que criaram mais de 14 mil postos de trabalho em Lisboa”.
Um desses unicórnios foi a Pleo que veio da Dinamarca “começaram com 50 pessoas, passaram para 100 e já têm 300”.
Carlos Moedas assume como desígnio conseguir atrair essas empresas para o ecossistema, apesar “das dificuldades, pois o problema muitas vezes é mantê-los em Lisboa”. O autarca referiu que por vezes as políticas nacionais não correspondem a essa atração e é preciso “lutar para os manter cá”.
Falando para uma plateia onde estava Daniela Braga, CEO da Defined.ai, Carlos Moedas lembrou o acordo com a Microsoft, em parceria com a Accenture, Avanade e a Unicorn Factory Lisboa, para lançar em Alvalade uma AI Innovation Factory, com o objetivo de acelerar a adoção de Inteligência Artificial por empresas públicas e privadas em Portugal. Ainda em fase de construção, a AI Innovation Factory estará integrada no AI Hub da Unicorn Factory, em Alvalade, com data prevista para inauguração em novembro de 2024.
“Há uns 6 meses inauguramos na Expo a Critical TechWorks, joint-venture entre a portuguesa Critical Software e a BMW.
O presidente da CML contou ainda que o CEO da BMW para a Europa lhe disse que hoje “um BMW para estar na estrada precisa tecnologia portuguesa e esse é um avanço enorme”.
O autarca falou ainda da sustentabilidade, lembrando que Lisboa foi escolhida como uma das 100 cidades da Europa que quer ser e vai ser neutral em carbono até 2030.
No seu discurso, Carlos Moedas falou dos dois tubos de drenagem que estão a ser construídos, um de Campolide-Santa Apolónia (TMSA) e outro de Chelas-Beato (TCB) com 5,5 metros de diâmetro “que vão evitar as cheias em Lisboa”.
Segundo o presidente da Câmara de Lisboa esta é “uma obra de 150 milhões de euros” e é única na Europa e em Lisboa, “mas ela é invisível” para os lisboetas.
Recorde-se que em 2022 a Câmara Municipal de Lisboa e o Banco Europeu de Investimento assinaram um acordo financeiro no valor de 90 milhões de euros para a construção de uma nova infraestrutura de drenagem. A construção deve terminar em 2025.
Esta obra vai “mitigar as mudanças climáticas”, disse acrescentando que “nós vamos ter um um reservatório em Campolide e com 20 mil m³ que vão ser utilizados exatamente para regar a cidade, os nossos parques, e limpar as nossas ruas, para não ter de utilizar água potável.
Carlos Moedas quer assim criar condições para melhor aproveitamento da água. A Câmara Municipal paga quatro milhões de euros de conta da água todos os anos, e 75% dessa água não é para beber.
“Foi o que já começamos a fazer no Parque Tejo, também chamado de Parque do Papa, em que aqueles 30 hectares de verde que foram acrescentados à cidade são hoje regados por água usada da estação de tratamento da água de Beirolas”, disse ainda.
Carlos Moedas referiu a medida dos transportes públicos gratuitos para os mais novos e mais velho, como sendo uma medida de sustentabilidade e não uma medida social.
Sobre o programa para os sem abrigo lembrou que foram aprovados 70 milhões de euros durante os próximos sete anos para duplicar o número de vagas de acolhimento.
No balanço, Carlos Moedas falou do plano de saúde 65+ gratuito, que consiste na iniciativa municipal para facilitar o acesso à saúde dos que têm mais de 65 anos.
Por fim falou da construção de habitação em Lisboa. “Assinámos com a UE 560 milhões de euros para construir habitação na cidade”, lembrou.
“Ajudámos as famílias a pagar a renda, na diferença entre aquilo que é 30% do seu rendimento e o que está acima desses 30%. Esse apoio já foi aplicado em mil famílias em Lisboa”, revelou o autarca.
Há 10% da população da cidade que vive em habitação municipal, lembrou ainda.
(atualizada)
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