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Catalães asseguram 680 milhões para construir centrais solares em Portugal

A BNZ assegurou um total de 680 milhões de euros para construir centrais em Portugal, em Itália e Espanha. Por cá, conta com um plano de investimento de 450 milhões de euros para construir um total de nove centrais solares em várias fases.
15 Outubro 2024, 07h30

No mundo da energia em Portugal, é comum encontrar energéticas sediadas em Madrid, mas a BNZ vem um pouco mais de longe, do extremo oposto da Península Ibérica, de Barcelona, a capital da Catalunha.

Detida pelo fundo britânico Nuveen, a companhia anunciou hoje que fechou um financiamento de 680 milhões de euros para acelerar o seu plano de investimentos. A produtora espanhola de energias renováveis fica assim com mais poder de fogo para concluir as suas várias centrais em Portugal.

A companhia tem um portefólio de 1,7 gigawatts de energia solar fotovoltaica para implantar em Portugal, Espanha e Itália até ao final de 2026. A companhia não revelou qual a percentagem dos 680 milhões é que se destina aos projetos em Portugal.

Por cá, tem um plano de 450 milhões de euros para construir nove centrais solares numa capacidade total de 600 megawatts (MW).

Para já, parte dos 680 milhões de euros vão destinar-se às quatro centrais solares, em regime de mercado, todas localizadas na região norte, que a companhia está a construir no país: Armamar (98 MW, distrito de Viseu), Trofa (30 MW, distrito do Porto) e duas em Vila Nova de Famalicão (total de 68 MW, distrito de Braga).

“Este novo financiamento também nos vai permitir avaliar a possibilidade de hibrizar estas centrais com baterias”, disse ao JE o diretor-geral da BNZ, Luís Selva.

A empresa está focada na “energia solar, baterias e hibridizações com eólica”, tendo inclusivamente participado no leilão recente de armazenamento.

Sobre a possibilidade de hibridizar com eólica, explicou que a única central deste lote de quatro onde é possível ter recurso eólico é na de Armamar.

A companhia está à procura de fechar acordos de compra e venda de eletricidade (PPA) com empresas portuguesas.

Sobre dificuldades na implementação de projetos, identifica “algumas barreiras a nível municipal. Existe um desalinhamento entre os objetivo do país e a realidade municipal do progresso administrativo dos projetos. No caso de Armamar e do ICNF, vemos que tudo foi muito lento e tivemos muitas barreiras. Notámos também que existe uma desconexão entre o objetivo global e a particularidade do projeto”.
A ligação da Nuveen (ex-Glenmont Partners) com Portugal começou em 2012 com a construção de várias centrais que entretanto foram vendidas.
Agora, a BNZ quer construir e ficar a operar estas centrais. “Estamos há seis, sete anos, a trabalhar em Portugal para materializar todos estes projetos”.

Em relação à ligação dos projetos à rede elétrica, explica que o facto de terem começado a desenvolver os projetos em 2018/2019 “foi um momento oportuno. Foi uma boa oportunidade porque havia disponibilidade. Hoje em dia, é muito complexo ter acesso à rede”.

O responsável deixa uma recomendação às autoridades, pedindo mais “coordenação entre os objetivos do Governo e as barreiras municipais. Existe um desalinhamento com os objetivos para o país. Nós demorámos seis anos; se tivéssemos que desenvolver um projeto novo a partir de agora… como é que Portugal vai cumprir os objetivos até 2030? É impossível”.
“Vemos que o novo Governo está a tentar avançar com todas as medidas e compromissos que tem vindo a anunciar. Temos muita confiança no mercado português, pesa 30% no nosso negócio”, acrescenta.
Questionado pela evolução dos preços no mercado grossista ibérico, depois das quedas no início do ano, Luis Selva aponta que “a volatilidade do mercado elétrico é muito elevada. Se é verdade que normalmente na época final do ano existe uma subida dos preços, no início do ano pode voltar a descer. A volatilidade é mais preocupante do que o preço, que é muito baixo, mas acreditamos que nem sempre vai ser muito baixo, nem vai estar sempre aos 300 euros/MWh com a invasão da Ucrânia. É preciso entender o negócio no longo prazo, mas a volatilidade é o que traz mais incertezas às empresas”.

“A empresa, pertencente ao Clean Energy Fund III da Nuveen, um dos maiores gestores de investimentos com 1,2 biliões de dólares em ativos sob gestão, garantiu a linha de financiamento a partir de um clube de credores compostos pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), ABN AMRO, Intesa Sanpaolo, NatWest, SMBC e Bankinter, que depositaram total confiança na robustez dos ativos estratégicos da BNZ e no portefólio da empresa, com a Palmer a atuar como agente”, segundo a companhia.

A companhia disse assim ter concluído com sucesso o seu “primeiro Total IPP Financing (TIPPF) multinacional. O TIPPF inclui uma linha de crédito sénior e linhas de crédito auxiliares num total de 420 milhões de euros e financiamento da Holdco até 260 milhões de euros”.

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