As diferenças entre o Junts por Catalunha (JxCat) e a Esquerra Republicana da Catalunha (ERC) – partidos que em termos ideológicos estão nos opostos e convergem apenas na questão da independência – começam a dar mostras de desentendimento, como tantas vezes antes. Quim Torra, o presidente da Generalitat e membro da JxCat (partido de Carles Puigdemont) disse no Parlamento catalão que a autonomia será rapidamente chamada a exercer “o direito à autodeterminação”, ignorando as advertências do Tribunal Constitucional, e sem especificar o que queria dizer especificamente. Mas a ERC – liderada a partir da prisão por Oriol Junqueras (condenado a 13 anos de cárcere) – disse que “não é hora de estabelecer prazos”, segundo o líder dos republicanos na câmara, Sergi Sabrià.
“Defenderei que, no final deste mandato, o direito à autodeterminação seja novamente exercido”, disse Torra, para enfatizar que “nenhum tribunal impedirá que este presidente da Catalunha continue a abrir debates sobre esta matéria”.
Nas fileiras da ERC, foi um erro que Torra tenha feito referência à iminência de um novo referendo sobre a independência. “Não fomos consultados”, disseram fontes do partido citadas pelo jornal ‘El Pais’. A ERC insiste em que, embora considerem o voto como o único “caminho democrático” para resolver o problema político catalão, é um erro avançar com datas.
Sabrià disse, em resposta a Torra, que “não é o momento de estabelecer prazos. É hora de trabalhar nos consensos que representam 80% dos cidadãos da Catalunha, para chegar a acordos entre vários atores”.
Desde do início dos julgamentos, Torra insistiu na necessidade de ir ao Parlamento para votar qual seria a resposta institucional ao julgamento condenatório já intuído. Os grupos independentistas, no entanto, não conseguiram encontrar um ponto de acordo.
Torra recordou a ofensiva internacional da Generalitat e enviará cartas a todos os presidentes e primeiros-ministros europeus para explicar o seu ponto de vista sobre a situação em Espanha. Também se referiu ao auto-nomeado Consell de la República, a entidade administrada, entre outros, pelo ex-presidente da Generalitat Carlos Puigdemont e o ex-vereador Toni Comín, ambos fugindo da justiça espanhola.
Os desentendimentos entre os dois partidos têm sucedido com alguma frequência, a que não é alheio o facto de, nas últimas eleições, a ERC ter sido o partido mais votado na região e o JxCat ter sofrido uma forte erosão.
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