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Catarina Martins: “A geringonça foi morta pela obsessão pela maioria absoluta”

A coordenadora do Bloco de Esquerda acusou António Costa de “preferir abrir uma crise política, rompeu todas as pontes, recusou todas as propostas e preferiu ontem voltar ao infeliz discurso da campanha autárquica”.
  • Tiago Petinga/LUSA
27 Outubro 2021, 17h29

“Obsessão pela maioria absoluta” e preferência por “abrir uma crise política”. A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, não foi meiga com o primeiro-ministro, António Costa, a quem acusou de ter recusado todas as nove propostas apresentadas pelo partido, “embalado para eleições antecipadas”, confirmando que o partido iria votar contra a proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).

“Mas o primeiro-ministro não avança. Preferiu abrir uma crise política, rompeu todas as pontes, recusou todas as propostas e preferiu ontem voltar ao infeliz discurso da campanha autárquica, prometendo milhões para todo o lado, embalado para eleições antecipadas”, disse Catarina Martins, no discurso de encerramento de debate da proposta do OE2022.

Catarina Martins reiterou que “o que é preciso um caminho de compromisso” e garantiu que “foi assim que fizemos a geringonça”: “fizemos um contrato para quatro anos, um acordo escrito, que o primeiro-ministro dispensou nesta legislatura. Trabalhámos durante meses sobre cada orçamento, cumpriu-se o que se prometeu, nada do que agora se viu”, justificou.

“A geringonça foi morta pela obsessão pela maioria absoluta, pela recusa das finanças de dar ao SNS carreiras profissionais, condições de contratação e investimentos planeados, pela intransigência que mantém a troika nas leis laborais. Mas a geringonça não foi tempo perdido, foi tempo ganho”, disse.

Apontando o dedo ao Executivo, Catarina Martins disse que “depois de meses de negociações, continua incompreensível este alheamento do governo” e defendeu o partido: “dizer que o Bloco é intransigente é tão inútil e pouco credível como dizer que os profissionais do SNS estão a atacar o governo quando alertam para a situação insustentável em que se encontram.”.

“O governo não trouxe nada de novo a este debate. O primeiro-ministro limitou-se a invocar um certo documento do governo onde estariam finalmente explicadas as razões da rejeição de cada uma das nove propostas do Bloco. O documento não circulou, mas tive a oportunidade de o ler e é com desilusão que constato que as razões da rejeição continuam a ser um segredo bem guardado pelo senhor primeiro-ministro”, acusou.

Em jeito de pré-campanha, à semelhança de todos os discursos desta tarde no Parlamento, a coordenadora bloquista garantiu: “lutaremos por uma maioria para uma saúde digna para toda a gente, por uma democracia que protege a segurança social, por salários e empregos sem precariedade. Medidas de que o país precisa e que respondem pelas pessoas”.

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