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Catástrofes naturais custaram 170 mil milhões à economia mundial

Estados Unidos, Alemanha, França e China foram os países que registaram prejuízos mais agravados por causa dos desastres climáticos deste ano. Estudo da Christian Aid estima, no entanto, que os impactos sejam superiores aos calculados.
  • EPA/FRIEDEMANN VOGEL
27 Dezembro 2021, 17h50

As dez catástrofes naturais mais danosas este ano resultaram em mais de 170 mil milhões de dólares (cerca de 150,26 mil milhões de euros) em prejuízos, sendo os Estados Unidos o país mais afetado.

De acordo com o estudo divulgado, esta segunda-feira, pela organização sem fins lucrativos Christian Aid, o furacão Ida, de nível quatro, que atacou, em agosto, o estado do Louisiana, nos Estados Unidos, foi considerado o evento climático mais desastroso. Segundo a avaliação, o furacão que levou a vida a 112 pessoas, custou à economia norte-americana cerca de 65 mil milhões de dólares (cerca de 57,46 mil milhões de euros).

Um mês mais tarde, as cheias na Europa — em especial na Alemanha e na Bélgica, os dois países mais atingidos pelas chuvas torrenciais — provocaram cerca de 250 mortes e prejuízos na ordem dos 43 mil milhões de dólares (cerca de 38,01 mil milhões de euros). Já as cheias na província da China, Henan, em julho, também não pouparam despesas à economia do país, tendo sido registados danos avaliados em 17 mil milhões de dólares (cerca de 15,03 mil milhões de euros) numa catástrofe natural que matou mais de 300 pessoas.

“Os custos das alterações climáticas foram graves este ano”, cita a “Bloomberg” as declarações de Kat Kramer, líder da política climática da Christian Aid e autora do relatório. “É claro que não estamos no caminho certo para garantir um mundo seguro e próspero.”

Espera-se que este ano seja a sexta vez que os desastres naturais globais custem mais de 100 mil milhões de dólares à economia mundial (cerca de 88,41 mil milhões de euros), afirmou o relatório, citando a seguradora Aon Plc. Todos os seis desses anos aconteceram a partir de 2011.

Também o Canadá registou danos resultantes de eventos climáticos na ordem dos sete mil milhões de dólares (cerca de 6,19 mil milhões de euros), enquanto que em França os prejuízos foram de 5,6 mil milhões de dólares (cerca de 4,95 mil milhões de euros) e na Austrália os impactos atingiram os 2,1 mil milhões de dólares (1,86 mil milhões de euros).

Países como a Índia (três mil milhões de dólares), Sri Lanka (1,5 mil milhões de dólares) e Filipinas (dois mil milhões de euros) também integram a lista mas ainda assim, os autores do relatório estimam que os danos sejam mais elevados uma vez que para o relatório só foram calculados as perdas cobertas pelas seguradores. Os cálculos são geralmente mais caros em países ricos devido aos valores de propriedade e seguros mais altos, enquanto que alguns dos eventos climáticos mais mortais deste ano atingiram condados mais pobres que contribuíram pouco para o aquecimento global.

O Sudão do Sul também foi atingido por várias cheias que obrigaram quase um milhão de pessoas a abandonar as suas casas, enquanto que a África Oriental foi devastada pela seca. “Isso destaca a injustiça da crise climática”, referiu Christian Aid, alertando que tais eventos continuarão na ausência de ações concretas para reduzir as emissões.

O relatório deixa ainda o alerta que o Acordo de Paris sobre o aquecimento global, que visa manter o aumento das temperaturas globais abaixo de 1,5 graus Celsius, não alcançará os objetivos a menos que ações mais urgentes sejam tomadas, de acordo com o relatório.

“Foi muito decepcionante deixar a COP26 sem um fundo criado para ajudar as pessoas que sofrem perdas permanentes com as mudanças climáticas”, disse Nushrat Chowdhury, consultor de justiça climática da Christian Aid em Bangladesh. “Dar vida a esse fundo deve ser uma prioridade global em 2022.”

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