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Cavaco Silva culpa governos socialistas de “estagnação económica” e “empobrecimento” do país

“Portugal é o campeão europeu do agravamento do empobrecimento relativo”, escreve Aníbal Cavaco Silva.
Cavaco Silva
9 Outubro 2021, 12h52

O ex-Presidente da República voltou a escrever um artigo de opinião no jornal “Expresso”, no qual acusa os Governos socialistas de “estagnação económica” e “empobrecimento em relação aos outros países do grupo europeu com que nos comparamos”.

Aníbal Cavaco Silva escreveu que a partir de 1999 tudo mudou, tal como tinha alarmado no seu artigo de novembro de 2000. “Portugal começara a atrasar-se em relação aos outros países e a desfazer-se a esperança de que atingisse o nível de desenvolvimento médio da UE por volta de 2010-2015”, lê-se.

“A culpa era dos erros do Governo socialista de então [António Guterres], como deixei escrito, e, daí, o apelo que lhe dirigi para que não adiasse as medidas estruturais indispensáveis para inverter a situação”, adianta.

Volvidos 20 anos, e com um Governo socialista novamente no poder, o ex-Chefe de Estado afirma que “os traços marcantes da evolução de longo prazo da economia portuguesa são, inequivocamente, a estagnação económica e o empobrecimento em relação aos outros países do grupo europeu com que nos comparamos”. “E a culpa é também, sem margem para dúvidas, dos Governos socialistas”, lê-se.

No texto, Cavaco Silva nota ser “penoso” ver que Portugal foi ultrapassado por países da Europa de Leste que aderiram à União Europeia, quando o país aderir em 1986. “Hoje, é penoso verificar que, em 16 anos, Portugal já foi ultrapassado pela República Checa, a Estónia, a Lituânia e a Eslovénia e que as previsões são de que, nos próximos dois, três anos, o mesmo aconteça com a Polónia, a Hungria, a Roménia, a Letónia e a Eslováquia”.

O ex-Chefe de Estado critica ainda o facto da economia portuguesa ter crescido à taxa média anual “de apenas 0,5%”, citando um estudo do Banco de Portugal em que “a produção por habitante em 2018 era pior do que em 1995”.

“Portugal é o campeão europeu do agravamento do empobrecimento relativo”, escreve Aníbal Cavaco Silva. Para o ex-Presidente da República, este empobrecimento implica baixos salários e insuficientes para reter jovens com ambição de subir na vida e de atrair imigrantes qualificados, de uma classe média empobrecida, “pensões de reforma que não permitem uma vida digna”, desigualdades sociais e de um elevado nível de pobreza, bem como de “cuidados de saúde de baixa qualidade para quem não dispõe de recursos para acesso à medicina privada e degradação do ensino público”.

O ex-Chefe de Estado notou que o Governo liderado por António Costa, apoiado por partidos de extrema-esquerda, “não foi capaz de aproveitar as boas condições de sustentabilidade da economia portuguesa herdadas do anterior Governo” liderado por PSD/CDS.

Críticas à oposição

Ainda assim, o antigo Presidente da República adianta que o empobrecimento se deve a uma “penumbra de silenciamento” para o qual têm contributo vários fatores, e um deles é a oposição.

“Desde logo, uma oposição política débil e sem rumo, desprovida de uma estratégia consistente de denúncias dos erros, omissões e atitudes eticamente reprováveis do Governo”

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