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Célia Pessegueiro: “Não sonhei em ser a primeira mulher eleita presidente de Câmara na Madeira”

Em entrevista ao Económico Madeira, a nova presidente da Câmara da Ponta do Sol, hoje empossada, Célia Pessegueiro, fala sobre mulheres na política em lugares de liderança, como vai gerir o concelho sem maioria absoluta, e a relação do município com o Governo Regional.
20 Outubro 2017, 07h30

A partir de hoje Célia Pessegueiro torna-se oficialmente a primeira mulher eleita presidente de Câmara na Madeira, ao dirigir os destinos da Ponta do Sol. Ao Económico Madeira abordou assuntos tais como o papel que as mulheres podem desempenhar na política em cargos de liderança, sobre como vai conduzir politicamente o concelho, e as relações que vai estabelecer com o Governo Regional durante o mandato autárquico.

“Pessoalmente não sonhei em ser a primeira mulher eleita presidente de Câmara”, admite Célia Pessegueiro salientando que “esta foi apenas mais uma luta” das que já teve na sua passagem pela política. Apesar disso a edil da Ponta do Sol diz que este “é um marco importante” e espera que seja “um início”.

Célia Pessegueiro menciona que “o direito de voto das mulheres foi conquistado após o 25 de abril”. A presidente da Câmara da Ponta do Sol refere ainda que para se ter mulheres em lugares desta importância é preciso fazer “força para que isso aconteça” destacando ainda a necessidade de ter “alguém que dê o primeiro passo”.

“Ter sido um partido de esquerda (a ter uma mulher neste cargo) é simbólico”, confessa Célia Pessegueiro. “O PSD teve oportunidade numa altura em que tinha praticamente garantidas as vitórias”, afirma. “Aqueles que tiveram a oportunidade de lançar mulheres não o fizeram”, acrescenta a edil.

Célia Pessegueiro explica que a participação das mulheres na política “é reduzida e ainda mais na liderança” acrescentando que como “cabeças de lista é ainda mais reduzida” e que o lote “daquelas que ganham é ainda mais reduzido”. A hoje empossada presidente de Câmara afirma que é necessário que “mais mulheres se mostrem disponíveis para a luta autárquica”.

“No relacionamento que tive com as pessoas sentia que era tratada com igual atenção” acrescentando que, por exemplo, no período de campanha “os homens mostravam muito à vontade para falar comigo” esclarecendo que “não sentiu descriminação”.

Célia Pessegueiro admite que possam ainda existir “camadas de desconfiança” relativamente a ter mulheres a ocupar cargos de liderança. A edil da Ponta do Sol diz mesmo que é um mito que “as mulheres não votam em mulheres” salientando que no caso particular do concelho existiram “três mulheres a concorrer nas eleições autárquicas” mencionando que se criou uma espécie de “onda no concelho”.

Apesar da vitória autárquica de Célia Pessegueiro na Ponta do Sol, o PS não conseguiu obter uma maioria absoluta. “Já se falava dessa possibilidade”, confessa. A edil mencionou como exemplo o Funchal em que não existiu maioria e mesmo assim “conseguiu-se governar com entendimento”.

Célia Pessegueiro explica que o facto de não ter conseguido maioria absoluta “vai obrigar a uma forma de governar diferente” admitindo que este mandato será “de diálogo”. A eleita presidente de câmara refere que em alguns dossiers os partidos que conseguiram mandatos na vereação do município  convergem. A edil destaca a importância de se discutir admitindo que ao “se discutir se está a melhorar” reforçando que “o interesse maior é o concelho”.

“A forma como as pessoas estiveram atentas na eleições vai levar a que estejam também atentas como os vários partidos se vão comportar no mandato”, admite Célia Pessegueiro.

Célia Pessegueiro vai dar prioridade numa fase inicial da sua governação na Ponta do Sol aos “trabalhos de limpeza no concelho” de modo a evitar, por exemplo, que na época de inverno, as águas “não causem estragos e prejuízo para a câmara”.

A presidente da Câmara da Ponta do Sol diz ainda que o final do ano vai ser “um momento tenso” devido à entrega do orçamento e que estes dois meses são de “trabalho intenso”. Célia Pessegueiro vai dar também atenção a áreas como “o apoio à terceira idade”, o “apoio à família” mostrando a intenção de ter um concelho “amigo das famílias”.

Célia Pessegueiro refere que nesta altura a sua prioridade “é a Ponta do Sol” mas diz que “não se desliga da vida do PS” e que vai estar “atenta aquilo que se passa” realçando a “importância das eleições regionais” numa altura em que Emanuel Câmara já anunciou a sua intenção de concorrer à liderança dos socialistas da Madeira.

Sobre a possibilidade de Paulo Cafôfo eventualmente poder concorrer à presidência do Governo Regional, Célia Pessegueiro referiu que por várias vezes já ouviu pessoas a lhe confessar “vejam lá se ganham as eleições para lá meterem o Cafôfo”.

A agora empossada presidente da Câmara Municipal da Ponta do Sol diz que vai existir uma abertura do município para “diálogo e entendimentos” com o Governo Regional e espera que essa relação “seja recíproca”. Apesar desta disponibilidade demonstrada por Célia Pessegueiro a autarca afirma que existem dossiers que vão “ser reivindicados” como por exemplo a “construção do lar”, a “reabertura da via expresso dos Canhas” e a “ligação Canhas – Paul da Serra”.

Na ligação, pela estrada regional, entre os Canhas e o Paul da Serra, Célia Pessegueiro diz que é preciso uma “intervenção ao nível da floresta”, salientando “a procura que existe no turismo”. A autarca reforça que são necessárias “intervenções no que respeita ao corte das árvores” e que esse tipo de trabalho “precisa de ser regular.

Uma das medidas à qual Célia Pessegueiro quer também dar atenção é o “simplex autárquico” de forma a se conseguir “agilizar e reduzir” o tempo de resposta “no licenciamento das urbanizações”.

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