Começou esta semana o julgamento de 16 alegados membros de uma organização de extrema-direita conhecida como Action des Forces Opérationnelles (AFO), acusada de planear uma série de ataques contra muçulmanos. De acordo com o processo de investigação, os arguidos, que se juntaram à organização entre 2017 e 2018, têm em comum a adesão a uma ideologia extremista baseada no ódio aos muçulmanos, e acreditam que está em curso uma “invasão islâmica”.
De acordo com a acusação, citada pela agência Euronwes, este grupo está entre os mais perigosos da extrema-direita francesa e o seu membro mais proeminente é um homem conhecido como ‘Richelieu’, sendo um antigo agente da polícia que é alegadamente o verdadeiro fundador da organização e que poderá estar a co-liderar o movimento com a sua companheira Marie Véronique, proprietária do blogue ‘Réveil patriote’ (Acorda, patriota), que foi utilizado como plataforma para difundir ideias racistas.
No entanto, em declarações à AFP, a sua advogada negou qualquer envolvimento do seu cliente no planeamento de atos de violência, sublinhando que as acusações contra ele não se baseiam em factos comprovados.
As investigações revelaram um plano para assassinar pelo menos 200 imãs que o grupo descreveu como “extremistas”, uma tentativa de bombardear uma mesquita no subúrbio parisiense de Clichy-la-Garenne, bem como uma operação apelidada de “Halal”, destinada a envenenar alimentos utilizados pelos muçulmanos, usando substâncias letais como veneno de rato e cianeto.
Durante as buscas, refere ainda a agência, as autoridades encontraram um arsenal de armas de fogo e milhares de munições, bem como componentes utilizados no fabrico de explosivos, o que, segundo a acusação, apoia a teoria de uma preparação séria dos atentados.
Apesar das acusações, os arguidos foram libertados até ao final das sessões de julgamento, previstas para 27 de junho, num clima de expetativa popular e de intenso debate nos meios políticos e mediáticos sobre o aumento do terrorismo de extrema-direita e do discurso de ódio contra os muçulmanos em França e na Europa em geral.
O julgamento surge na sequência de dois assassinatos racistas que abalaram a opinião pública nas últimas semanas: o primeiro, em que um homem do Mali foi morto no interior de uma mesquita, e o segundo, em que o cidadão tunisino Hichem Merraoui foi morto por cinco balas disparadas pelo seu vizinho francês, com um claro motivo de ódio racial e religioso.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com