Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal, considera positiva a possibilidade de se estabilizar o valor das prestações da casa durante dois anos, numa entrevista ao programa “É ou não é” na RTP 1.
O Governador chama-lhe “alisamento” do efeito das taxas de juros e diz que “para algumas famílias, no contexto de alguns contratos, pode ser eficaz” acrescentando que “muitos já estão a ser operacionalizados pela banca”.
“O impulso que o decreto-lei, que irá ser aprovado, pode proporcionar a esse tipo de alisamento é bem vindo, mas temos que pensar que estamos a diferir pagamentos para um momento futuro no tempo”, disse Centeno que defende que a medida não deve ter uma adesão generalizada num contexto de emprego em valor máximos e salários a subirem.
Mário Centeno falava da criação de um mecanismo para proporcionar estabilidade na prestação do crédito à habitação durante dois anos em resposta ao aumento das taxas de juro, após a nova subida anunciada pelo BCE. Esta medida foi anunciada pelo Ministro das Finanças e deverá ser aprovada no próximo Conselho de Ministros.
O ministro das Finanças, Fernando Medina, anunciou a criação de um mecanismo para proporcionar estabilidade na prestação do crédito à habitação perante o aumento das taxas de juro, após a nova subida anunciada pelo BCE, divulgando ainda o alargamento da bonificação de juros no crédito à habitação. A estabilização da prestação por dois anos poderá passar por um desconto da taxa Euribor. O Expresso disse que o Governo está a preparar um mecanismo de redução de 25% na taxa de juro, que deverá manter-se estável durante dois anos, com o valor da dívida a ser redistribuído pelo restante prazo do empréstimo. A medida presume que ao fim de dois anos a taxa de juro do BCE desce para 2%.
O desenho está ainda a ser acertado com o Banco de Portugal e deverá aplicar-se a qualquer crédito à habitação indexado a taxa variável desde que pedido pelo cliente.
O Governo já disse que não haverá compensação do Estado aos bancos.
O Governador do banco central discorda também que os apoios do Estado às famílias possam ajudar a agravar a inflação, mas defende que devem ser temporários e dirigidos aos mais vulneráveis.
“Se forem temporários e forem focados nas famílias mais vulneráveis”, são benéficos, frisou Centeno que lembrou que “a política orçamental serve para isso e cumpre aí um papel de complementariedade grande com a política monetária”.
“A questão da dose, o ser focado e o ser temporário”, é importante, sublinhou Centeno referindo-se aos apoios do Estado às famílias.
Mário Centeno também defendeu a eficácia das políticas do BCE no combate à inflação. O governador do Banco de Portugal falava na entrevista ao programa “É ou não é”, esta terça-feira à noite na RTP1, e disse acreditar que as taxas atuais permitem que a inflação venha a descer até ao objetivo de dois por cento.
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