A coordenação europeia é fulcral num momento determinante como o que se vive atualmente, com a pressão criada pela necessidade de investir e recuperar a defesa do continente. Quem o defende é o governador do Banco de Portugal (BdP), que vê ainda na decisão alemã de reformar o travão constitucional da dívida um exemplo destes movimentos de consolidação e maior resistência do bloco europeu a choques adversos.
Na conferência de imprensa que serviu de apresentação do Boletim Económico de março, Mário Centeno argumentou que “a questão da defesa da Europa é europeia, não de um país particular”, o que aumenta a necessidade de coordenar políticas de forma “coerente e consequente”. Estas decisões “têm consequências orçamentais”, admite, mas a UE “tem todas as condições e meios para responder ao desafio”.
“É preciso mais do que nunca haver coordenação de políticas na Europa”, resumiu, lembrando a resposta conjunta à crise pandémica que permitiu “proteger todos os países europeus individualmente considerados” – e agora, na questão da defesa, a lógica deve ser a mesma.
No caso português em particular, será “inescapável” o maior contributo financeiro para esta questão, mas esta dinâmica já se iria verificar dada a necessidade de começar a pagar os investimentos feitos ao abrigo do NextGenEU, lembrou. E, mesmo com esta pressão acrescida, o país “tem tido condições de resiliência que são positivas e que não antecipamos que venham a ser postas em causa”.
Por outro lado, a reforma do travão constitucional da dívida na Alemanha é outro exemplo de políticas que aumentam a resistência do bloco. “A Europa tem condições de, sem sair deste registo de estabilidade, dar alternativas para o futuro que sejam mais condizentes com a sua condição económica e financeira”, argumentou, vendo potencial nesta política, “se for consistente e bem desenhada, […] ajudar a tirar a Europa de um cenário de crescimento muito baixo”.
No Boletim Económico de março divulgado esta quinta-feira, o banco central antecipa um crescimento 0,1 pontos percentuais (p.p.) acima do previsto em dezembro, no anterior exercício de projeções macro. Ainda assim, o crescimento abranda após 2025, sendo a projeção para 2026 alvo de um corte de 0,1 p.p. para 2,1%.
Também a inflação foi revista em ligeira alta, de 2,1% para 2,3% este ano, mas mantendo uma estimativa de 2% para os dois anos seguintes. Na mesma linha, o indicador subjacente foi atualizado em alta, refletindo uma inflação mais persistente e entrincheirada, ficando em 2,5% este ano (uma subida de 0,1 p.p.).
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