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Centeno elogia melhorias na economia nacional e alerta para efeitos da política monetária

O governador do BdP vê o país numa dinâmica diferente, tendo conseguido “prolongar um ciclo que teve o seu auge em 2019”, mas pediu “cautela adicional com o que será o ajustamento” monetário, cujos efeitos se fazem sentir na economia real com bastante desfasamento.
Cristina Bernardo
16 Junho 2023, 12h35

Mário Centeno elogiou a trajetória recente da economia portuguesa, argumentando que esta se modificou para muito melhor, mas pediu alguma cautela perante o atual processo de aperto monetário, cujos efeitos ainda estão longe de ser plenamente sentidos na economia real. Na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de junho, o governador do Banco de Portugal (BdP) frisou ainda que o motor do crescimento nos últimos anos não será o consumo privado, mas sim o investimento e exportações.

O antigo ministro das Finanças começou por sublinhar a capacidade nacional de convergir num contexto adverso negativo, em que a zona euro está em recessão técnica, ao passo que Portugal “conseguiu prolongar um ciclo que teve o seu auge em 2019”.

“Temos de ter a noção que prolongar ciclos não é simples; é, antes, um enorme desafio” que “leva à acumulação de tensões na economia”. Como tal, “todo o cuidado é pouco quando definimos políticas económicas em momentos altos do ciclo”, alertou.

O BdP reviu em alta as suas projeções para o crescimento este ano, apontando a 2,7%, ao passo que a inflação foi cortada para 5,2%. Esta performance levou a vários elogios do governador, desde a “revolução silenciosa” da “transformação das qualificações em Portugal”, até aos máximos nos salários, que representam agora mais 12 mil milhões de euros do que em 2019.

Para crescer com base nestes resultados, os motores serão o investimento e as exportações, e não o consumo privado, esclareceu Mário Centeno. Na realidade, esta componente “não é nem tem sido a principal fonte de crescimento”.

Outro fator a contribuir para o crescimento nacional será a “maior previsibilidade da política monetária a partir do verão”, projetou. As taxas terão de se manter em terreno restritivo durante mais tempo do que foi inicialmente previsto e, apesar de se recusar a fazer projeções quanto ao rumo do Banco Central Europeu nos próximos meses, pediu tempo.

“Estamos a mudar de regime, de taxas muito baixas para restritivas. Para esta mudança ser bem acomodada, precisa de tempo, algo que não temos tido. Temos de ter alguma cautela adicional com o que será o ajustamento, mas que ainda não foi observado”, afirmou, lembrando que muitos destes ajustamentos “têm sido atenuados pelas almofadas financeiras” acumuladas durante a pandemia.

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