Mário Centeno defendeu, esta tarde, no Fórum Políticas Públicas 2024, que a estabilidade da qual Portugal hoje beneficia é “um ativo muito importante e que não pode se desbaratado”, sublinhando o papel crucial do mercado de trabalho para estes números.
Segundo o governador do Banco de Portugal (BdP), “o grande sucesso da economia portuguesa é a redução da dívida privada”, mais tarde “acompanhada da dívida pública”.
O antigo ministro das Finanças destacou o crescimento “próximo do potencial nas condições em que vivemos, com o aumento taxas de juros, num contexto em que a procura externa na economia portuguesa no último ano é inferir à que se registava no programa de assistência económica e financeira, antes da pandemia”.
Mário Centeno fez saber, ainda, que a economia portuguesa é olhada com otimismo no contexto europeu.
“Nas finanças públicas, Portugal é um dos três países da área do euro que tem neste momento o saldo equilibrado”, acrescentou.
Sobre a inflação, que “neste momento já é passado”, Centeno aponta para a quebra da mesma sem um cenário de recessão. “A inflação está de volta a valores inferiores a 3%, mas a política monetária tem de acompanhar essa realidade. Estamos na fase final do processo inflacionista. Vamos fazê-lo pela primeira vez sem recessão. Muito se deve ao mercado de trabalho. Quase tudo se deve ao mercado de trabalho: as empresas e os trabalhadores”, acrescentou.
Centeno constatou ainda que “a inflação teve um ciclo muito próximo da área do euro. É um excelente sinal para Portugal. Podíamos ter evitado os 10,6% em outubro de 2022”.
Ainda sobre a força do mercado de trabalho, o antigo presidente do Eurogrupo afirmou que “há 500 mil novos contratos todos os trimestres”. “É um número muito significativo, 28% superior ao que se registava em 2017”, continuou, esclarecendo que, sobre o nível salarial da população em Portugal, “não é verdade que o aumento do salário médio seja especialmente justificado pelo aumento do salário mínimo”.
“As indústrias de maior valor acrescentado têm um maior contributo para a criação de emprego desde o início da pandemia. É uma transformação que vem pouco nas notícias. A criação de emprego nunca aparece nas notícias. O que é refletido é a destruição de empregos. Mas trimestre até trimestre, o que prevalece é a criação de emprego. Hoje temos mais um milhão do que há dez anos”, detalhou ainda o governador do Banco de Portugal.
Centeno deu também destaque aos níveis de poupança em Portugal, e a consequente melhoria das decisões de rating. “As poupanças continuam a aumentar. As taxas de juro negativas não são bons incentivos, mas a taxa de poupança continua. Isso reflete-se na melhoria da notação da República. Todas agência deram notação nível A, que beneficia o Estado, empresas, famílias e custo de financiamento da economia”.
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