[weglot_switcher]

Centeno: “O país tem uma janela temporal, entre dois a três anos, para reverter o aumento da despesa permanente” (com áudio)

Apesar de defender que a política orçamental deverá continuar a contribuir para a recuperação da atividade e para a manutenção da resiliência do mercado de trabalho, deve também recuperar a trajetória pré-pandémica.
  • O Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, apresenta o Boletim Económico de outubro de 2021, na sede da instituíção em Lisboa, 06 de outubro de 2021. O Boletim Económico de outubro inclui projeções macroeconómicas para o conjunto do ano e faz uma primeira análise da evolução da economia portuguesa em 2021. TIAGO PETINGA/LUSA
29 Novembro 2021, 10h33

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, defendeu mais uma vez que a política orçamental retome a trajetória pré-pandemia, considerando que o país tem entre dois a três anos para reverter o aumento da despesa permanente acima da trajetória do PIB observado este ano e no ano passado.

“O país tem uma janela temporal, que avalio entre dois a três anos, para reverter o aumento da despesa permanente acima da trajetória do PIB observado em 2020 e 2021. Esta janela temporal deve ser utilizada para garantir a sustentabilidade da dívida e com isso a manutenção da confiança dos consumidores”, disse, esta segunda-feira, na conferência “Os desafios da economia portuguesa no pós-pandemia”, organizada pelo regulador bancário e pelo semanário “Expresso”.

O responsável pelo regulador bancário realçou que embora no curto prazo, a política orçamental deverá continuar condicionada pelos desequilíbrios pandémicos e “é desejável que continue a contribuir para a recuperação da atividade e para a manutenção da resiliência do mercado de trabalho”, é também “fundamental que esta mesma política orçamental recupere a trajetória pré-pandémica”.

Mário Centeno recordou que o peso da dívida pública aumentou 19 p.p. para 135% no período pandémico, seguindo a trajetória registada na zona euro, o que representa um desafio para Portugal, mas sublinhou que este é um “desafio atenuado” por o país jºa ter “registado valores similares”.

“E nessa altura demonstrámos que conseguíamos reduzi-los. Entre 2017 e 2019, a dívida pública reduziu-se, em percentagem do PIB, 15 p.p.. Esta redução deve ser sustentada por um plano credível de consolidação orçamental, para o qual contribuirá o crescimento económico – sem dúvida-, desafio que estando no centro desta nossa conferência não é menos importante”, disse.

O governador do BdP recordou ainda a importância dos recursos europeus para a economia no pós-pandemia, argumentando que “devem ser utilizados para financiar o crescimento económico e sustentado”, precisamente para reduzir o endividamento, enquanto se aumenta o investimento.

“Estes dois resultados, em termos económicos, são muito raramente observados de forma simultânea num país e foram-no em Portugal ao longo deste período. Esta tarefa está muito facilitada, precisamente pela existência do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência].”, vincou, acrescentando que “não conseguir retomar este processo seria imperdoável. Esta é uma excelente oportunidade para influenciar a forma como produzimos, trabalhamos e consumimos, acelerando e incorporando as transições climática e digital. Este processo de crescimento deve ser inclusivo e promover a diminuição da desigualdade”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.