O ministro das Finanças, Mário Centeno, acusou os partidos da oposição, PSD e CDS-PP, de quererem a resolução da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Durante o debate parlamentar, agendado pelo CDS, em que o Governo e os deputados discutiram o relatório preliminar que a consultora EY fez às contas da CGD, o ministro das Finanças frisou que “o vosso sonho, do PSD e do CDS, era que a Caixa fosse resolvida e vendida”.
Sobre o acompanhamento da auditoria por parte do Executivo, Mário Centeno defendeu que o Governo sempre quis acompanhar o processo e relembrou que foi Governo que pediu que a auditoria fosse realizada e que fosse “levada às últimas consequências”.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, reforçou que o executivo instruiu a CGD para se constituir como “assistente” no processo de investigação à gestão do banco junto da Procuradoria Geral da República (PGR). “O Governo deu indicação para a Caixa se constituir assistente no processo junto da PGR para ter uma participação ativa e acompanhar de perto a investigação em curso”, realçou.
Além disso, prosseguiu o ministro das Finanças, “se analisarmos o período da auditoria em que os senhores [PSD e CDS] estiveram no Governo, injetaram 1600 milhões e não houve auditoria”.
Antes, o deputado do PSD, António Leitão Amaro, acusou a ‘geringonça’ de ter impedido a realização da comissão de inquérito para aceder à lista dos grandes devedores do banco público. Leitão Amaro salientou que o Governo “não quer saber do que interessa aos portugueses” porque, defendeu, um Governo com “um mínimo de responsabilidade teria analisado a auditoria e percebido que aconteceu”. O social-democrata disse que a estrutura de governo interna da CGD poderia ter sido melhorada.
Neste contexto, Leitão Amaro foi mais longe e pede que se apure a responsabilidade civil dos administradores da Caixa, relembrando que também compete ao Executivo, enquanto acionista, apurá-la. O deputado social-democrata afirmou que o “Governo receita” que as eventuais respostas dos administradores em causa possam sugerir que tomaram decisões por orientação político de outro governo. “E esse governo era socialista”, frisou.
Do lado do CDS, a deputada Cecília Meireles acusou os partidos de esquerda de não quererem que se conheça o relatório. “Querem fazer disto um segredo”, disse, alegando que “apenas temos o direito de conhecer a conta”. Segundo o relatório preliminar da EY, a CGD teve perdas de cerca de 1,2 mil milhões de euros.
A deputada acusou ainda o Bloco de Esquerda de ter sido “o bloqueador sobre o que se passou na Caixa”, porque “bloquearam a comissão de inquérito e fecharam-na antes de se saber a verdade”.
Entre os socialistas, o deputado João Paulo Correio apelou ao apuramento rápido das responsabilidade pela má gestão dos administradores do banco público entre 2000 e 2015, que corresponde ao período de análise do relatório da EY. No entanto, o deputado do PS ressalvou que a “auditoria atravessou vários governos”.
(atualizada às 16h22)
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