O ministro das Finanças, Mário Centeno, admitiu que houve uma falha de comunicação com o primeiro-ministro sobre a transferência de 850 milhões de euros para a injeção de capital através do Fundo de Resolução no Novo Banco, mas frisa que não existiu nenhum incumprimento financeiro.
“Podemos admitir e terá havido uma falha na comunicação entre o Ministério das Finanças e primeiro-ministro no momento do debate quinzenal, mas não houve nenhuma falha financeira nem incumprimento”, disse em entrevista à TSF esta terça-feira, em alusão ao contrato com o Novo Banco.
Mário Centeno sublinhou que “se falhas de comunicação são simples de assumir, falhas financeiras teriam um carácter desastroso para o sistema financeiro em Portugal e levaria a atraso na confiança na economia portuguesa”.
Sublinhando que a transferência de 850 milhões de euros estava prevista no Orçamento do Estado para 2020, explicou que o primeiro-ministro “no momento que responde ao Bloco de Esquerda não tinha a informação que a injeção de capital aconteceu no dia anterior” porque “a informação não chegou atempadamente à hora do debate e essa informação não estava atualizada”.
“Portugal não se pode dar ao luxo de no meio de uma crise colocar um banco em risco, é uma irresponsabilidade”, disse. Relativamente à auditoria da Deloitte, atrasada devido à pandemia do novo coroanvírus, o ministro frisou que é “adicional, retrospectiva” e que decorre da lei que prevê que qualquer injeção de capital seja acompanhada de uma auditoria. No entanto, realçou que no processo do Novo Banco existem ainda outras auditorias externas, quer na comissão de acompanhamento, no agente de verificação.
“Era o que faltava que não aprendêssemos com as auditorias, mas que isso metesse em causa termos do contrato não acontecerá”, frisou, acrescentando que “não podemos incumbir no contrato, tal como o Novo Banco não pode incumbir no contrato”.
Realçou que “este ministro das Finanças e este primeiro-ministro” têm a relação institucional “mais longa” dos governos democráticos. Questionado se tinha pedido desculpa a António Costa, disse que “não temos de pedir desculpa por trabalhar em conjunto”, disse. “Tenho uma relação muito próxima de trabalho com o primeiro-ministro, institucional”, acrescentando que “há sempre esta ideia um pouco peregrina que as coisas nos estávamos a correr bem porque tivemos sorte”, mas que toda “essa obra de reconstrução do sistema financeiro foi feito no anterior governo”.
“A minha relação política com o primeiro-ministro, membros do Governo, Assembleia da República e órgãos de soberania é de enorme transparência e lealdade face ao que é o esforço em atingir objetivos que o Governo tem e não vejo sinal que possa ter sido abalada”, garantiu.
(Atualizado às 10h37)
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