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Centrais solares flutuantes nas barragens permitem a Portugal cumprir metas de renováveis

Governo estima que Portugal conseguiria atingir as metas de nova energia renovável, se um quinto das 50 maiores albufeiras nacionais tivesse centrais solares flutuantes. A EDP está disposta a construir mais centrais solares flutuantes nas suas barragens, depois da nova central do Alqueva estar concluída.
4 Junho 2019, 07h49

As albufeiras das barragens em Portugal vão ter novas regras com o objetivo de fomentar o aumento de centrais solares flutuantes. Segundo contas do Governo, se um quinto da área das 50 maiores albufeiras for utilizada para produzir eletricidade a partir de solar fotovoltaica, o país conseguiria atingir a meta de sete gigawatts de nova potência renovável que precisa para cumprir as metas de descarbonização.

Se aproveitarmos 20 % da área dos planos de água das albufeiras que existem apenas nas 50 maiores albufeiras em Portugal, que já hoje têm produção de eletricidade a partir de fonte hídrica, nós estamos a falar já da capacidade de que necessitamos, isto é de sete gigawatts”, disse o ministro do Ambiente e da Transição Energética esta segunda-feira, 3 de junho.

João Matos Fernandes também destacou outras das vantagens de construir estas centrais: as redes elétricas para transportar eletricidade já estão instaladas, por serem centrais hidroelétricas, não sendo necessário construir novas linhas.

“Estes sistemas mistos, híbridos, entre água e solar podem ser combinados com as enormes vantagens de que aqui resultam, nomeadamente não ter que haver novas redes de transporte de eletricidade a sair desses mesmos locais”, afirmou.

As declarações do ministro foram realizadas durante uma visita a uma nova central eólica da EDP em Penacova, distrito de Coimbra, com uma potência de 47 megawatts (MW), num investimento de 42 milhões de euros.

Esta segunda-feira foi anunciada pela EDP a construção de uma central solar flutuante no Alqueva com uma potência de 4 megawatts. Com um investimento de 3,5 milhões de euros, esta central deverá entrar em operação em 2020.

O ministro do Ambiente anunciou que o Governo vai rever os planos de ordenamentos das albufeiras para fomentar o desenvolvimento de mais centrais eólicas flutuantes. “Quando se passa do projeto piloto para a massificação tem de haver aqui todos os cuidados no domínio do ordenamento do território, por isso não fica aqui nenhuma promessa fica aqui o compromisso: os planos dos ordenamentos das albufeiras que estão a ser revistos em todo o país, vão considerar a reserva de espaços para que os projetos de produção de eletricidade a partir do solar pousados na própria agua venham a concretizar-se”.

O governante destacou que no passado “esta tecnologia não era madura”, mas que agora já não há espaço para “dúvidas” sobre a sua viabilidade. “Tem uma fortíssima componente portuguesa, foi testada no Alto do Rabagão, agora confirma-se no Alqueva. Obviamente que, estando ela testada e concretizada, ela deve escalar e banalizar-se porque isso também significara um preço menor no produção da própria eletricidade”, garantiu.

Por sua vez, o presidente da EDP garante que a empresa está preparada para construir mais centrais solares flutuantes “em muitas barragens”, após concluído o projeto do Alqueva.

“Nós começámos no Alto do Rabagão, testámos, foi um projeto inovador a nível mundial, vimos que resultava, e estamos no Alqueva numa escala maior. A partir daqui podemos avançar para outras”, disse António Mexia esta terça-feira na inauguração da central eólica em Penacova.

O gestor comparou o lançamento da solar flutuante com a central eólica marítima flutuante Windfloat, que está a ser construída ao largo de Viana do Castelo. “Uma questão muito importante é a aprendizagem, tal como aconteceu com o Windfloat: quando lançámos para o mar a plataforma flutuante as pessoas diziam que não ia funcionar, não ia ser competitivo”, começou por destacar.

“O facto é que depois de ter sobrevivido a vagas iguais às do McNamara [surfista de ondas], de 15 metros no mar, estamos hoje numa fase pré-comercial, vamos ter 25 megawatts, e depois aprendendo, reduzindo custos , alterando  materiais, vamos passar para uma fase de internacionalização desta tecnologia, já temos projetos em França, poderá ser aplicada em países como o Japão. Mais uma vez, a EDP está na linha da frente com o solar flutuante”, afirmou António Mexia.

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