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Central do Pego. Produção de pequenos camiões elétricos, uma central solar de um giga ou hidrogénio verde são alguns dos projetos na calha (com áudio)

São vários os projetos previstos para o futuro da ponto de ligação à rede de 600 megawatts que servia até agora a central a carvão do Pego.
22 Novembro 2021, 08h09

Portugal deixou de produzir carvão ao fim de 36 anos de anos. A central do Pego deixou de produzir carvão definitivamente na sexta-feira passada.

Com o encerramento da central de 600 megawatts (MW), resta agora saber qual o futuro que vai ser dado à ligação à rede elétrica existente no local que conta precisamente com uma capacidade de 600 MW.

A central é detida pela Tejo Energia que é detida em 56,25% pela TrustEnergy (um consórcio entre os franceses da Engie e os japoneses da Marubeni) e em 43,75% pela Endesa (elétrica espanhola detida pelos italianos da Enel).

Perante o desacordo entre os dois acionistas – TrustEnergy e a Endesa – o Governo decidiu lançar um concurso. “Há um concurso publico cujas propostas tem de ser entregues até ao dia 17 de janeiro. Há verbas para apoiar os trabalhadores na sua transição, há um conjunto de outros projetos que estamos firmemente convencidos que vão escolher aquele território que tem uma coisa que outros nao tem que é o Fundo para a Transição Justa que tem exatamente como objetivo apoiar financeiramente um conjunto de projetos com o objetivo de ali ser criado emprego”, disse o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes em entrevista ao Jornal Económico, na semana passada, apontando que a biomassa é uma “das propostas em cima da mesa, concurso decidirá”.

Entretanto, o ministro já levantou um pouco o véu sobre os projetos que estão a ser apresentados, incluindo a “produção de eletrolisadores, que produzem hidrogénio verde a partir da água; projetos de produção de energias renováveis e gases renováveis; projetos de produção de pequenos camiões elétricos; está prevista uma central solar de 1 gigawatt”, disse Matos Fernandes em entrevista à “SIC Notícias” no domingo.

Nas suas contas, a expetativa é que sejam criados entre “600 a 700 postos de trabalho no Médio Tejo, Abrantes e concelhos vizinhos”.

“Lançámos um concurso que é agnóstico. A central é de alguém, estou a falar de um ponto de ligação à rede, ao qual se pode ligar uma industria que pode estar no terreno ao lado ou a cinco quilómetros de distância, vai ser esse ponto que vai a concurso. As propostas vão ser entregues até 17 de janeiro”

“A manutenção do maior número de postos de trabalho é um fator para a escolha daquele que vira a ser o próximo detentor da ligação à rede

“É um dos maiores pontos de ligação à rede [do país], é um ativo público de grande relevância. Este concurso vai suscitar interesse; os proprietários são concorrentes a este concurso”, disse, em referência à Tejo Energia e à Endesa.

“A futura central de produção de eletricidade agora a fontes renováveis, que vai nascer deste ponto de ligação à rede, consoante as tecnologias pode demorar uns meses ou um ano, ano e meio”, explicou.

A central localizada a 150 quilómetros de Lisboa tem uma potência instalada de cerca de 630 megawatts (MW). O terreno onde se encontra a central a carvão é detido pela Tejo Energia e tem um total de 300 hectares, com 20/30 hectares a serem ocupados pela central de ciclo combinado de gás natural (ElecGás, detida em partes iguais pela Endesa e pela TrustEnergy). O restante terreno é ocupado pela central a carvão, o parque de carvão e o de cinzas. O desmantelamento da central tem a duração de três a quatro anos, sendo necessário um investimento de 40 milhões de euros pelo consórcio para desmantelar a infraestrutura e descontaminar solos, segundo o líder da Endesa Portugal.

Os sócios da central, todos investidores internacionais, têm visões diferentes para o futuro do projeto a ser desenvolvido nestes terrenos localizados no Pego, no concelho de Abrantes.

A TrustEnergy veio a público este ano apresentar um projeto de 900 milhões de euros que visa a “eletricidade, hidrogénio e outros gases renováveis”, assim como energia “solar, eólica”, mas também “resíduos florestais locais”, ou seja, a queima de biomassa para produzir eletricidade.

Mas a Endesa discorda desta aposta na biomassa por parte do seu sócio no Pego, destacando várias razões para rejeitar esta visão, entre as quais a falta de resíduos florestais suficientes no país para rentabilizar o projeto e o seu preço elevado no caso da importação.

“O nosso projeto foca-se em centrais solares fotovoltaicas, num eletrolisador de produção de hidrogénio de origem renovável e armazenamento em baterias. Não incluímos a biomassa, que foi o enfase da proposta que veio a lume [da TrustEnergy]. Sabemos que não existe o recurso, o custo de produção seria muito acima do preço do mercado, e não há possibilidade de subsidiar esse diferencial, as feed-in tariffs [tarifa bonificada] já acabaram”, disse o presidente da Endesa Portugal em final de maio.

“Temos um plano detalhado, bem maduro. A nossa visão para aquele local e infraestrutura tem diferenças relativamente ao que veio a lume [TrustEnergy]. O que preparámos pode envolver um investimento substancial de 600 milhões de euros”, segundo Nuno Ribeiro da Silva.

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