O líder do grupo EDP destacou que Portugal tem das eletricidades mais baixas para a indústria, considerando que esta é uma vantagem competitiva para atrair empresas para o país, como centros de dados (data centers).
“Portugal tem o quinto preço mais baixo da eletricidade para a indústria, e verde. Dos preços mais competitivos na Europa. Isto apoia a tese de que é possível ter preços competitivos na Europa”, começou por dizer Miguel Stilwell d’Andrade na chamada com analistas na sexta-feira.
Destacou assim que Portugal e Espanha estão na linha da frente na Europa para receberem investimentos em centros de dados, mercado onde já está presente nos EUA. “Temos tido muitas perguntas. O crescimento na Europa está menos avançado face aos EUA, mas vemos um forte potencial de crescimento na Ibéria. As pessoas estão a ver esta onda a chegar à Europa”.
“Podemos oferecer fornecimento 24 horas por dia, sete dias por semana, com a ajuda do gás natural e da bombagem hídrica. Temos preços atrativos. Estamos bem posicionados para esta oportunidade. Temos 75% de renováveis”, enumerou na chamada com os analistas.
“Os nossos ativos estão localizados estrategicamente. Temos muitos pontos de ligação. Estamos a explorar vários locais para localizar centros de dados. Temos dois gigas de oportunidades”, com 400 MW assegurados e 900 MW já pedidos.
O responsável também sublinhou que o aumento da procura se deve à necessidade de ter estes centros na Europa, para garantir a sua segurança.
Na chamada também destacou que “Portugal é um caso de muito sucesso”, sublinhando as contas públicas saudáveis e um sistema elétrico competitivo e financeiramente sustentável. Tudo sublinhou a descida de IRC e que é “possível” que desça mais, considerando a medida como “positiva”.
Sobre a taxa extraordinária CESE, acredita que a “redução deve acontecer a algum ponto. Os tribunais devem olhar para isto e reconhecer que já não é extraordinária”.
O responsável também abordou o caso dos CMEC. “A EDP não é parte do processo, não teve nenhum ganho indevido. Isto foi validado pela Comissão Europeia. Não temos dúvidas de que não tivemos benefícios indevidos. A empresa sofreu vários cortes nas receitas dos CMEC, está pior face aos CAE. Isto está a ser litigado. Não temos provisões para isto. O processo vai demorar muitos anos”.
Sobre a notícia de eventuais cortes aos créditos fiscais nos EUA sob a nova administração, o CEO apontou que pode haver alguma alteração, mas nada de dramático. “Os créditos fiscais existem há anos”, apontando para a cláusula safe harbour, de proteção aos investidores, que garante o acesso aos créditos fiscais, desde que já tinha sido iniciada a construção do projeto.
T em sido um ano muito chuvoso em Portugal, com os recursos hídricos 33% acima da média histórica. A beneficiar disto está a produção da EDP: disparou 80% neste segmento na Ibéria até setembro face a período homólogo para um total de 8 GWh.
O desempenho da operação hídrica ibérica contribuiu para os lucros da EDP subirem 14% para mais de mil milhões de euros até setembro.
A companhia justificou o resultado “suportado pelo bom desempenho da atividade de redes de eletricidade no Brasil assim como pela recuperação de produção hídrica no mercado ibérico, que mais do que compensaram os menores ganhos com rotação de ativos renováveis”. Já o lucro recorrente subiu 7% para quase 1.100 milhões de euros.
O EBITDA da companhia subiu 2% para 3.900 milhões de euros. O recorrente subiu 1% para quase 3.900 milhões: o segmentos das renováveis, clientes e gestão de energia recuou 3% para 2.635 milhões, com as redes a subirem 14% para 1.270 milhões. Aqui, destaque para o disparo de 17% no EBITDA da produção hídrica, clientes e gestão de energia – Iberia para um total de 1.200 milhões de euros. Nas redes de eletricidade, o EBTIDA no Brasil disparou 30% para 605 milhões de euros.
Foi uma semana atribulada para a família EDP. Primeiro, o lucro da EDP Renováveis afundou 53% até setembro para 210 milhões de euros, penalizada pelo descida do preço médio de venda de eletricidade e por menos ganhos com a rotação de ativos.
Depois, Donald Trump foi reeleito presidente dos EUA o que provocou uma sangria nas ações da EDP Renováveis, devido à sua exposição ao mercado norte-americano.
A companhia desvalorizou quase dois mil milhões de euros desde segunda-feira para os 10,94 euros, um recuo de 15% no valor da ação.
Na chamada com analistas na quarta-feira, Miguel Stilwell d’Andrade disse acreditar “fortemente no mercado norte-americano de energias renováveis, mas vamos analisar as implicações, existe uma incerteza natural devido à mudança de administração”. A companhia garante que vai estar atenta às nomeações e a eventuais mudanças de políticas.
Sobre a energia eólica offshore, que Trump prometeu cancelar no primeiro dia, Stilwell defendeu que é preciso uma “abordagem cautelosa”, mas sinalizou que há uma “forte procura por este setor”, em particular na costa leste do país. “Estamos muito apoiados em apoiar esta indústria”.
Mais. Recordou que o setor das energias renováveis teve “forte crescimento” na primeira passagem de Donald Trump na Casa Branca, destacando para o avanço em “estados republicanos”, como o Texas.
No caso do programa de fomento industrial IRA, Miguel Stilwell d’Andrade sublinhou que tem beneficiado os estados republicanos, o que “torna improvável o cortes substanciais na legislação”.
As energias renováveis são cruciais nos próximos anos para “centros de dados”, inteligência artificial e centros de mineração de cripto moedas, afirmou.
O gestor também destacou que a companhia está presente nos EUA desde 2007, tendo atravessado “vários ciclos políticos”, sublinhou que 50% do portefólio de ativos está nos EUA, esperando instalar dois gigas este ano e mais dois gigas em 2025.
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