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CEO da 23 Capital: “Benfica? É uma relação forte, mas porta está aberta a outros”

Em entrevista exclusiva ao JE, o responsável da entidade que foi protagonista na transferência de João Félix para o Atlético de Madrid, a maior de sempre do futebol português, manifestou-se disponível para trabalhar com outros clubes da Liga.
30 Janeiro 2020, 09h30

O CEO da 23 Capital, instituição especializada em crédito e na prestação de assessoria financeira, em áreas como o desporto e outras, em entrevista exclusiva ao JE, fala da relação com o Benfica e das necessidades de financiamento em ligas menores como a portuguesa.

Qual o papel da 23 Capital numa nova era de financiamento?
Estamos no início de uma nova era também no que diz respeito ao posicionamento das empresas no âmbito desportivo. O futebol é um setor que, historicamente, tem sido sub-financiado através dos financiadores tradicionais e seniores. O papel da 23 Capital passa por ajudar os nossos clientes a terem consciência do verdadeiro potencial dos seus ativos e ter um papel no desbloqueio desse valor. Os clubes de futebol têm uma enorme parcela do seu valor amarrado às suas ações, e essas ações, infelizmente, não são uma classe fácil de financiar. Aqueles que estão disponíveis para providenciar capital para financiamento têm, na sua maioria, uma lacuna na experiência neste setor para se manter a par com o ritmo frenético do setor e a complexidade financeira exigida.

Os mercados associados ao desporto estão bem posicionados para alavancar o seu talento, mas a verdade é que muitos destes mercados têm uma lacuna que passa pelo acesso ao financiamento que necessitam. A alguns dos nossos maiores clientes na Europa foram negados fundos através dos credores tradicionais, e é aí que a 23 Capital pode fornecer a esses clientes o financiamento que necessitam. Os clubes de futebol não têm uma tendência para reservarem grandes quantias de dinheiro e por vezes, necessitam de movimentar esse capital muito rapidamente. Estes problemas existem em todos os clubes, o que muda é a dimensão do emblema. A 23 Capital consegue chegar onde os credores tradicionais não chegam.

Consideram trabalhar com outros clubes em Portugal além do Benfica?
Como negócio, a 23 Capital está aberta para discutir opções de financiamento com clubes em todo o continente europeu, seja em Portugal, Espanha ou noutro destino. Temos uma excelente relação com o Benfica mas a porta está aberta a todos os clubes que queiram discutir connosco a melhor forma de contribuir positivamente para a eficiência dos seus balanços.

Podemos acrescentar aos clubes procurando simplesmente a melhor forma de dotar a eficiência em áreas como o investimento em tecnologia que pode ajudar um clube a alargar a sua reputação internacional e a construir uma boa base de dados de adeptos. Podemos até ajudar associações do âmbito desportivo se estiverem à procura de investimento em escala. Este tipo de financiamento não se destina apenas a ajudar os clubes. Se tivermos em conta as bases de uma transferência, temos um clube vendedor que precisa do dinheiro de forma imediata e temos um clube comprador que, por uma série de razões, prefere parcelar os pagamentos. É aqui que entra a 23 Capital. Ajudamos o clube vendedor a garantir o dinheiro de imediato e o clube comprador a adiar o mesmo montante em cinco anos. Tudo o que necessitam é de negociar o custo do financiamento.

Como definem a relação entre a 23 Capital e o Benfica? É uma parceria que pode manter-se ao longo dos próximos anos?
A nossa relação com o Benfica é muito forte. Quando temos este tipo de relações a longo prazo, baseadas na confiança com clubes, isso permite-nos oferecer mais serviços estratégicos e fornecer soluções financeiras inovadoras todos os anos.

Quais são os maiores riscos no investimento no futebol?
O crédito só é bom na medida em que haja capacidade do clube com quem negociamos, aplicando princípios básicos do crédito. Tal como qualquer empresa de qualquer setor, o crédito é uma ferramenta importante para ajudar várias estratégias de negócio mas precisa de ser apropriada. Igualmente, existem vários riscos neste setor (tais como o financiamento, a performance desportiva, as trocas, as tendências macro e outros) onde é necessário avaliação quando falamos de facilidade de crédito. Existem regras que estão associadas às transferências, no entanto, pois isso faz parte da integridade do desporto. Se compras um jogador e se, mesmo que num cenário-limite, acabas num processo de insolvência, não sais limpo desse processo e mesmo assim manténs o jogador. Os reguladores vão insistir que a transferência seja paga. Nesse sentido, este é um mercado notavelmente resiliente.

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