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CEO da Ageas admite estudar aquisições em Portugal no ramo não vida

Depois de em 2015 ter investido 264 milhões de euros (entre preço de aquisição e aumento de capital) para comprar a AXA, o CEO da Ageas Portugal, Steven Braekeveldt, disse ao Jornal Económico que não fecha a porta a novas aquisições, mas explica que simplesmente não há companhias (essencialmente do ramo não vida) à venda,
  • Cristina Bernardo
7 Junho 2017, 06h55

Com a compra da AXA, a Ageas tornou-se no terceiro player do mercado no ramo não vida (de 7% para 14%) – e em primeiro no ramo vida – por isso neste momento, segundo Steven Braekeveldt, CEO da Ageas Europa Continental e responsável pela atividade do grupo em Portugal, está interessado em comprar em Portugal companhias nesta área, “onde há espaço para crescer uma vez que a nossa quota de mercado é de apenas 13,5%”, diz o CEO belga que esteve ontem em Portugal para apresentar os dados do Grupo segurador aos seus acionistas e a investidores institucionais.

No ramo vida são líderes com uma quota de mercado de 22,8%

Depois de em 2015 ter investido 264 milhões de euros (entre preço de aquisição e aumento de capital) para comprar a AXA, o CEO da Ageas Portugal não fecha a porta a novas aquisições, mas simplesmente não há companhias (essencialmente do ramo não vida) para vender, diz. Steven Braekeveldt disse ao Jornal Económico que olhou para a Tranquilidade e também para a Açoreana, mas não avançou com propostas até porque,  lembrou, antes estavam focados na aquisição da Axa.

O grupo segurador, cotado em Bruxelas, fez o seu Investors Day 2017 em Lisboa, e reuniu os principais acionistas do grupo no Hotel Myriad Sana. Além da presença de investidores como a Blackrock, Ping An Insurance, Schroders plc e Franklin Mutual Advisors, estiveram ainda presentes, para além de  Steven Braekeveldt, Bart De Smet, CEO Global da Ageas; Antonio Cano, COO Global da Ageas.

Steven Braekeveldt salientou que o desafio em Portugal é mudar as mentalidades, e “en passant” referiu o problema da baixa poupança em Portugal. Confrontado com o facto de não haver dinheiro disponível nas famílias para a poupança, o CEO da Ageas Portugal disse que os portugueses não estão focados em “poupar e não investem em proteger o que têm”, e lembra que culturalmente os portugueses preferem ir jantar fora a poupar. Para um belga que “toda a vida foi educado a trabalhar e poupar”, é incompreensível que os portugueses sejam tão pouco propensos a poupar.

Braekeveldt realça que “a taxa de poupanças foi maior, quando a crise estava mais forte e, agora, que as pessoas pensam que a crise acabou, não fazem poupanças e gastam o dinheiro que têm e o que não têm”.

Uma medida que o presidente da Associação Portuguesa de Seguros também defende. Josá Galamba disse ao Expresso que “o regresso dos incentivos fiscais para estimular a poupança, nomeadamente ao nível dos planos poupança reforma (PPR), é uma das medidas que defende”.

A Ageas Portugal, que inclui a Ocidental Seguros e Pensões, Médis, Ageas Seguros, Direct – Seguro Direto, registou no primeiro trimestre 25,2 milhões de euros de lucros, dos quais 17,8 milhões no ramos vida e 7,4 milhões de euros no ramo não vida. Ao nível das receitas somaram 553,1 milhões de euros, das quais 378,2 milhões no ramos vida, em não vida as receitas foram de 174,8 milhões de euros. A margem operacional fixou-se em 38 milhões de euros, dos quais 26,1 milhões no ramo vida.

O rácio combinado do ramo não vida em Portugal é de 93,5%, mas o objectivo é reduzir para 87%. Este é o indicador usado na análise do resultado operacional das seguradoras, que é calculado como sendo a soma do índice de sinistralidade com o índice de despesas. Sempre que o índice combinado for inferior a 100 isto significa que a seguradora conseguiu obter lucro operacional.

Sem sentido fundir marcas

Steven Braekeveldt disse ainda ao Jornal Económico que não faz sentido para a Ageas fundir as marcas em Portugal, porque quer a Médis, quer a Ocidental são marcas fortes. Isto apesar de a meta da seguradora ser a integração das companhias na “One Ageas Portugal”, prevista para estar concluída em 2019. O gestor explicou que se trata de uma integração de backoffice e de rede de distribuição.

Na sua estratégia, a Ageas quer aumentar a rede de distribuição em Portugal, e investir em tecnologia, porque os canais de distribuição passam cada vez mais pelas novas tecnologias.

Optimizar a base de custos, melhorar a eficiência, melhorar os lucros das áreas de negócio que estão com baixa performance, por exemplo através da venda de pacotes de seguros de várias áreas, são algumas das metas. Por exemplo vender seguro automóvel com seguro de saúde, esses são alguns dos seus objectivos. A Ageas identificou 14 áreas para melhorar e tem um plano para aumentar a rentabilidade em dois anos, através de 25 projectos elaborados por mais de 3.000 especialistas em IT

A Europa Continental, onde Portugal se inclui, o Grupo Ageas viu os lucros duplicarem com uma melhoria nos resultados alcançados tanto em Vida como em Não Vida. “As receitas cresceram de forma sustentável em Portugal e os resultados melhoraram na maioria dos países”, revela a Ageas. O responsável pelo mercado português diz que a atividade em Portugal representa 45% dos lucros da Europa Continental.

A Ageas Portugal quer ser referência em três áreas, nos próximos cinco anos, Pensões, Saúde e connected homes, ou seja seguros para o lar.

A companhia em Portugal quer chegar a 2019 com um ROE (rentabilidade dos capitais próprios) de entre  11% e 13%.

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