O presidente-executivo do grupo EDP deixou hoje críticas à falta de avanços em infraestruturas cruciais de energia na União Europeia (UE), considerando que são necessárias para aumentar a união energética.
“Ter mais interligações é chave para fazer uma união da energia. Isto é embaraçoso, mas foi mais fácil fazer o Nord Stream entre a Alemanha e a Rússia do que fazer uma interligação entre Espanha e França. Não percebo isso, isto é falado há décadas e ainda continuamos a falar”, disse hoje Miguel Stilwell d’Andrade.
Defendeu assim o fim das “barreiras entre diferentes países. Penso que isso é uma área em que podemos melhorar, melhores interligações”.
Sobre a reforma do mercado de eletricidade na UE, atualmente em discussão, apontou a necessidade de aposta em mais renováveis: “O custo de energia é o mais barato, o custo dos painéis solares está abaixo do nível pré-pandemia”, afirmou em discurso durante um evento organizado pelo Partido Popular Europeu (PPE) que decorreu hoje em Lisboa, que integra os eurodeputados do PSD e do CDS-PP.
O gestor defendeu a necessidade de contratos de longo prazo – como acordos diretos (PPA) ou Contratos por Diferenças (CfD) – sublinhando que dão “previsibilidade” para períodos até 30 anos.
O líder da EDP sublinhou que as “revoluções não são boas” se o objetivo é “atrair investimento”, defendendo “estabilidade para investimentos de centenas de milhares de euros. Se fizermos uma revolução [no mercado de eletricidade] não é possível ter este capital”.
“Acreditamos no mercado, na concorrência, nas regras estáveis. Podemos não gostar dos sinais do mercado, mas indicam-se se precisamos de consumir menos ou de fornecer mais”, acrescentou.
Defendeu assim a necessidade de “contratos de longo prazos” para “investimentos a 30 anos. Precisamos de ter visibilidade de longo prazo”.
“Ouvimos há um ano que iria haver reforma radical, o que assustou muitas pessoas. Quando os investidores não sabem regras, não investem e precisamos de investir 3/4 vezes mais do que no passado”, disse Miguel Stilwell d’Andrade.
Dando o exemplo do pacote Clean Energy de 2018, mas que ainda não foi transposto passados cinco anos, o gestor defendeu que a “execução é chave” e que é necessário um “ambiente regulatório estável”.
O gestor também defendeu a necessidade de “evitar o risco de excesso de regulação como intervenções nos preços retalhistas. A intenção é boa, mas pode ser contraprodutivo”.
Outra das questões apontadas por si é que deve haver uma maior aposta em “mecanismos de gestão de procura” para introduzir mais “flexibilidade” à procura, apontando os bons exemplos dos mercados do Reino Unido e dos EUA. “Podemos fazer mais aqui, mas não podemos trabalhar apenas na oferta, mas também gerir a procura. É importante reduzir a especulação, a incerteza no mercado”.
Na sua intervenção, sublinhou que a “transição energética vai acontecer, mas não vai ser fácil, nem pacífica. É uma batalha que temos de enfrentar. A segurança energética está no topo, vemos como tem sido usada como arma”, afirmou, sinalizando também a necessidade de “encontrar o custo mais baixo para os consumidores”.
“A Europa é abençoada com vento, sol, chuva, nuclear, uma solução para alguns países. As renováveis geram consensos nos países europeus”, acrescentou.
No discurso, também apontou que, apesar das preocupações, a UE conseguiu sobreviver ao primeiro inverno sem o gás russo”.
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