A EDP Renováveis disse hoje não estar preocupada com a reeleição de Donald Trump, mas garante que vai ficar atenta a mudanças nos próximos tempos. Já os mercados continuam a castigar a cotada: queda de 11,3% para os 11,21 euros no arranque da chamada com os analistas ao início da tarde desta quarta-feira.
O CEO da elétrica recordou que o sector das energias renováveis teve “forte crescimento” na primeira passagem de Donald Trump na Casa Branca, destacando para o avanço em “estados republicanos”, como o Texas.
No caso do programa de fomento industrial IRA, Miguel Stilwell d’Andrade sublinhou que tem beneficiado os estados republicanos, o que “torna improvável o cortes substanciais na legislação”.
As energias renováveis são cruciais nos próximos anos para “centros de dados” e centros de mineração de cripto moedas, afirmou, na chamada com analistas ao início da tarde desta terça-feira.
Recordando que a companhia está presente nos EUA desde 2007, tendo atravessado “vários ciclos políticos”, sublinhou que 50% do portefólio de ativos está nos EUA, esperando instalar dois gigas este ano e mais dois gigas em 2025.
O gestor destacou que a empresa conta com maior peso de painéis solares produzidos nos EUA.
Sobre a energia eólica offshore, onde tem havido uma “oposição vocal”, defendeu que é preciso uma “abordagem cautelosa”, mas sinalizou que há uma “forte procura por este sector”, em particular na costa leste do país. “Estamos muito apoiados em apoiar esta indústria”.
“Acreditamos fortemente no mercado norte-americano de energias renováveis, mas vamos analisar as implicações, existe uma incerteza natural devido à mudança de administração”, afirmou, apontando que nos “próximas semanas e meses vamos estar atentos a quem vai ser nomeado e a quaisquer mudanças de políticas”.
Lucro afunda mais de 50% até setembro
O lucro da EDP Renováveis afundou 53% até setembro para 210 milhões de euros, penalizada pelo descida do preço médio de venda de eletricidade e por menos ganhos com a rotação de ativos, anunciou hoje a empresa.
Apesar da produção de eletricidade ter aumentado 5%, com nova potência e melhores recursos renováveis, “principalmente nos EUA”, e das receitas terem subido 5%, a questão é que o preço médio de venda registou uma queda de 4% para os 59,4 MW/h, devido a “preços de eletricidade mais baixos na Ibéria, compensados pela geração coberta a preços competitivos, preços resilientes na América do Norte e preços mais altos no Brasil”.
Destaque para os ganhos de 179 milhões de euros com a venda de ativos, mas abaixo do registado em período homólogo.
Já o EBITDA recorrente recuou 9% para 1.294 milhões de euros, com a menor venda de ativos face a período recorrente.
O lucro desceu assim para os 210 milhões de euros “com o aumento de receitas operacionais a não ser suficiente para compensar os menores ganhos de rotação de ativos face ao período homólogo”.
A produção de eletricidade subiu 5%, mas os recursos eólicos ficaram “abaixo da média de longo prazo, principalmente no Brasil, e algumas perdas de curtailment, particularmente nos EUA e em Espanha. A Europa e a América do Norte representaram 31% e 55% da produção total, respetivamente, com a energia eólica onshore a representar 85% enquanto que a energia solar representou os 15% remanescentes”.
Já o investimento bruto “totalizou €2,3MM nos 9M24, com >80% do seu Capex investido na Europa e América do Norte, refletindo o foco da EDPR nos seus mercados principais de baixo risco”.
E a dívida líquida “totalizou €7,8MM, um aumento de +€2,0MM em relação a dez-23, refletindo os investimentos de caixa feitos no período”.
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