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“Mercado de escritórios no Porto é muito estreito”, afirma CEO da Merlin

Em entrevista ao JE, Ismael Clemente salienta, no entanto, que se “o mercado do Porto evoluir pode tornar-se um ‘hub’ tecnológico dentro de Portugal”.
  • Ismael Clemente, CEO Merlin Properties
15 Janeiro 2020, 08h05

A estreia no mercado bolsista português foi em Lisboa esta quarta-feira, mas a espanhola Merlin por enquanto ainda vê barreiras em investir fora da capital, nomeadamente no Porto.

Ismael Clemente, CEO da imobiliária explica em entrevista ao Jornal Económico, que “o mercado de escritórios no Porto é muito estreito”, sublinhando que “é complicado sair da Grande Lisboa”.

O responsável da Merlin Properties assume no entanto, ter “muita curiosidade e vontade de ver mais de perto o Grande Porto, mas não é assim tão simples, porque o mercado de escritórios no Porto é muito estreito e o tipo de relação entre o inquilino e senhorio são sempre de contratos muito pequenos”.

Contudo, salienta que “se o mercado do Porto evoluir, e não há razões para não o fazer, pode tornar-se um hub tecnológico dentro de Portugal”. Caso isso venha a “acontecer e nós percebermos que há um maior dinamismo no mercado de escritórios no Porto, obviamente que gostaríamos de ter também a nossa presença”.

Lisboa saturada

Em relação ao mercado de Lisboa, Clemente sublinha que “está um pouco saturado e por isso já estamos muito mais seletivos na procura”.

O CEO da Merlin Properties dá o exemplo de Espanha, onde está sem fazer aquisições desde 2017. “Em Portugal já fizemos até 2019, em 2020 vamos ver”, refere, acrescentando que caso não exista nenhum tipo de investimento em Portugal este ano, essa situação “não será um problema e não temos qualquer pressão para o fazer”.

Em relação ao volume de investimento traçado para 2020, Ismael Clemente realça que “infelizmente não temos um valor definido, porque o mercado imobiliário ao nível do investimento tem uma componente estratégica e tática e não podemos colocar-nos sob uma pressão de investimento, porque normalmente, quando isso acontece o resultado é dar asneira, porque estamos a comprar ativos que não fazem sentido ser adquiridos”.

A Merlin Properties conta até ao momento com um portefólio de mil milhões de euros em Portugal. “Infelizmente não conseguimos chegar aos dois mil milhões, que era o nosso objetivo neste ciclo imobiliário. Não foi possível, o mercado também não tem muita liquidez e não há muita carteira disponível no mercado para ser comprada”, refere Ismael Clemente.

Rentabilizar a carteira

O responsável da empresa assume que a estratégia agora passa por “expandir o valor da nossa carteira fundamentalmente para investimento, ou seja o dinheiro que estamos a investir na reformulação do centro comercial Monumental, ao fim do dia, é valor acrescentado para a nossa carteira. O mesmo acontece na nossa plataforma de logística em Vila Franca de Xira”.

A Merlin Properties entra esta quarta-feira na Bolsa de Lisboa com um preço de abertura de 12,37 euros por ação, valor pelo qual a imobiliária espanhola fechou a sessão no IBEX35 na sessão de terça-feira.

Vão ser emitidas 470 milhões de ações com o valor nominal de um euro por ação. A empresa não emitirá nem fará oferta por nenhuma ação nova vinculada à cotação em Portugal. As ações continuarão admitidas a negociação nas bolsas de valores de Madrid, Barcelona, Bilbao e Valência, e a partir desta quarta-feira, na Euronext Lisboa.

Com a entrada a ser feita mediante o procedimento de dual-listing” (cotação direta), a Merlin Properties considera Portugal como um dos seus principais mercados e com a integração na Bolsa Lisboa a partir desta quarta-feira, a intenção da SOCIMI espanhola passa por fortalecer a sua posição no mercado português, trazendo o seu valor estratégico para Portugal, para que dessa forma para unir Portugal e Espanha num mercado único.

A Merlin Properties espera também com esta entrada na Bolsa de Lisboa aumentar a sua visibilidade e reconhecimento da marca. A vontade da empresa espanhola em entrar no mercado bolsista português já havia sido manifestada em outubro de 2019. A SOCIMI espanhola conta com uma capitalização bolsista aproximada de 5,3 mil milhões de euros, sendo especializada na aquisição e gestão de imóveis comerciais localizadas na península Ibérica.

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