Foi num ambiente descontraído, entre risos, teorias sobre Inteligência Artificial (IA) e desabafos de terapia, que o CEO da empresa com a maior capitalização bolsista do mundo subiu ao palco do evento Dreamforce, em São Francisco, para partilhar as suas reflexões sobre a Nvidia e o futuro da tecnologia. Jensen Huang garante que as pessoas “não vão querer perder este filme” que é o avanço da IA, que irá despachar várias tarefas no trabalho de cada um de nós.
“Acho que o progresso que vamos ter com os agentes [assistentes virtuais] nos próximos dois ou três anos vai ser surpreendente. Vamos ter agentes a trabalhar com agentes e agentes a trabalhar connosco. O trabalho vai aparecer feito antes sequer de pensarmos nele. O que acham disto? Vamos chegar amanhã ao trabalho e o monte de trabalho que ainda nem sabíamos que tínhamos para fazer foi feito”, diz o bilionário de 61 anos, numa conversa com o empresário e filantropo norte-americano Marc Benioff.
Não queremos perder a próxima década de avanço tecnológico
Pelo meio destes pensamentos, apercebeu-se de que o melhor seria viajar até ao Hawaii com o CEO da Salesforce – ou pedir-lhe o número da sua psicóloga – para entender o que o motiva (a sério) nesta área. “Não sei bem de onde vem [a motivação e inspiração]. Não estar entediado nem ser despedido é importante”, brincou Jensen Huang, durante a conferência anual da Salesforce, que decorre até amanhã no centro de congressos Moscone Center.
“Às vezes, a motivação parte da própria tecnologia e de os desafios da tecnologia serem entusiasmantes, como estarmos aqui a criar estes bots e agentes que conseguem fazer coisas incríveis e ajudam as pessoas. O entusiasmo parte de perceber «nós conseguimos fazer isto e dar um contributo para o mundo». Percebi que a nossa empresa está numa posição única na vida de poder contribuir para o mundo. Estamos a ajudar a indústria, os transportes, as ciências da vida…”, constatou.
O empresário taiwanês referiu ainda que o crescimento histórico da empresa e a modernização dos semicondutores (chips) se deveu à análise e à resposta metódica a perguntas simples, ao longo destes 31 anos, como: “Porquê? Quais são as implicações? Até onde pode ir? O que é que isto significa? Qual poderá ser o impacto?”.
“Acho que o breakthrough point foi quando percebi que sem supervisão não seria possível. Precisamos de modelos de linguagem supervisionados para criar modelos de linguagem que codifiquem o conhecimento humano e utilizá-los agora para o multimodal [a IA que processa qualquer género de informação seja imagem texto ou áudio]. A partir desse ponto, a escala é exponencial”, afirmou Jensen Huang, adepto confesso do ChatGPT.
Formado em engenharia eletrotécnica, trouxe também à sala a sua versão mais científica para alertar para os desafios matemáticos associados a este desenvolvimento tecnológico: “A maioria dos problemas que são realmente difíceis de resolver no mundo não têm uma primeira equação científica fundamental. Não é como a teoria das cordas [modelo físico onde os blocos fundamentais são objetos extensos unidimensionais em vez de pontos sem dimensão]. É difícil descrever estes fenómenos usando equações simples”.
A Nvidia e a Salesforce anunciaram esta terça-feira uma colaboração estratégica para desenvolver capacidades avançadas de IA para empresas através de agentes autónomos (chatbots) e experiências de avatares interativas. A dupla de tecnológicas vai unir esforços e recorrer às soluções de IA de ambas (softwares Salesforce Platform, Nvidia AI Enterprise e o novo Agentforce) para desenvolver modelos preditivos em conjunto. O acordo visa obter mais insights e maior produtividade nas equipas de vendas, serviços, marketing e TI que contam têm o CRM – software de gestão da relação com o cliente – da Salesforce.
*A jornalista viajou aos EUA a convite da Salesforce
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