[weglot_switcher]

CEO da Salesforce: “Vivemos num mundo de copilotos, mas não os percebemos bem”

Marc Benioff, personalidade incontornável do sector tecnológico e da filantropia, pretende que as empresas entendam a missão dos assistentes virtuais e como estes sistemas exigem acessso a metadados de qualidade para evitar alucinações e cooperação com os verdadeiros profissionais (humanos).
17 Setembro 2024, 20h47

Ao som da música dos havaianos Akaka Ohana, deu-se esta terça-feira o pontapé de saída da principal conferência da tecnológica norte-americana Salesforce: “Dreamforce”. Nos próximos três dias, o centro de congressos Moscone Center, no núcleo da cidade de São Francisco, recebe cerca de 45 mil participantes neste evento onde a Inteligência Artificial (IA) é o principal tema debaixo dos holofotes.

O cofundador, presidente e CEO da Salesforce, personalidade incontornável do sector tecnológico e da filantropia, deu as boas-vindas e apresentou formalmente a nova jóia da coroa da empresa: o Agentforce, que ficará disponível para todas as empresas partir de dia 25 de outubro. Em causa está um sistema de IA em que a organização tem mais poder sobre o desenvolvimento do “agente” online. Ou seja, consegue desenvolver os seus próprios assistentes virtuais, à base de IA, que cumprem tarefas de serviços, vendas ou marketing.

“Estamos num mundo de copilotos, mas não percebemos bem como é que eles nos vão levar à verdadeira visão da IA, de produtividade”, afirmou Marc Benioff, na cerimónia de abertura do Dreamforce 2024, que terá mais 1.500 sessões, 200 patrocinadores e uma centena de oradores. Já na sala dos analistas e da comunicação, onde fez a tradicional visita, explicou que toda este desenvolvimento da IA requer acessso a metadados de qualidade para evitar alucinações e cooperação com os verdadeiros profissionais (humanos). Sobre o comentário do copilot world, nome do assistente da Microsoft, foi instado a comentar a relação com a empresa de software: “Adoro-os. São incríveis”.

Houve ainda espaço para as primeiras apresentações das empresas que estão a utilizar tecnologia da marca para melhorarem a experiência e o contacto com os seus clientes, entre as quais a FedEx, que recorre a Data Cloud, a OpenTable (uma espécie de The Fork), que está a instalar o Agentforce, ou a canadiana Bombardier, que gere as vendas com sistemas Salesforce e também tem o Social Studio para dinamizar as redes sociais.

Mesmo a Disney está a investir na digitalização da experiência nos parques de diversões. Por exemplo, a tecnologia que implementaram regista as marcas e carrosséis que a pessoa mais gosta e em quantos andou e faz o controlo de fluxo de pessoas para poupar tempo nas filas.

“Estamos aqui para vos inspirar, motivar e energizar. Quero agradecer-vos a todos, mas fazer um agradecimento especial para São Francisco e Califórnia”, referiu Marc Benioff. Apesar de parecer um comentário comum de qualquer anfitrião de um evento em determinado local, é uma mensagem especialmente importante, tendo em conta que este ano o Dreamforce esteve quase a mudar de morada, ainda que a Salesforce seja o maior empregador de São Francisco e traga dezenas de milhares de pessoas para a cidade nesta semana. A ligação à cidade é histórica e acabou por sair reforçada. Será 2024 a verdadeira prova dos nove? Quinta-feira iremos concluir.

O CEO fez ainda referência à orientação (guidance) para o ano fiscal de 2025: 38 mil milhões de dólares (34 mil milhões de euros) em vendas, acima de todos os anos anteriores. No segundo trimestre do ano fiscal de 2025, que terminou a 31 de julho, a receita da Salesforce aumentou 8,4%, em termos homólogos, para os 9,33 mil milhões de dólares (8,39 mil milhões de euros), sendo que os analistas esperavam só 9,23 mil milhões de dólares. Se analisarmos o primeiro semestre, os lucros mais que duplicaram para os 2.962 milhões de dólares (na ordem dos 2,6 mil milhões de euros).

E mencionou também os valores que têm sido doados a instituições ou escolas e hospitais da região, porque “os negócios são a melhor plataforma de mudança”. Por exemplo, a festa final deste evento, chamada “Dreamfest”, entregou 120 milhões de dólares a hospitais pediátricos. Na quarta-feira, será a vez de Pink, Imagine Dragons e Kygo subirem a palco deste concerto solidário, no Oracle Park (estádio dos Giants).

*A jornalista viajou aos EUA a convite da Salesforce

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.