O ano de 2022 está claramente a ser um dos mais proeminentes para a indústria da segunda mão – pelo menos, a avaliar pelo crescimento de empresas como a Vinted, de roupa, a Swappie, de iPhones recondicionados, ou a Wallapop, a “OLX” da moda. Apesar de estar há nove anos neste negócio, foi entre 2021 e 2022 que a Wallapop encontrou mercado suficiente para expandir a operação para mais duas geografias além do país-berço, Espanha.
A Wallapop é uma plataforma digital – website e aplicação – de compra e venda de artigos em segunda mão, que podem variar entre aparelhos eletrónicos, mobiliário de casa e jardim, livros, DVD, peças de vestuário e acessórios, carros, entre outros itens. Desde meados de setembro que os utilizadores portugueses podem publicar online o que querem vender, sem custos, independentemente de se encontrarem pessoalmente com o comprador ou de recorrerem aos correios.
O Jornal Económico (JE) falou com o CEO da Wallapop, Rob Cassedy, que garantiu: “Estou cá há mais ou menos três anos e o que posso dizer é que nunca houve um tempo tão bom para a Wallapop e para o nosso tipo de negócio”.
“Há várias tendências que estão a impulsionar. De facto, houve desafios neste processo, ou períodos de crescimento económico ou a Covid-19 ou a inflação, mas no final do dia o que vemos é que os consumidores estão cada vez mais a ir à Wallapop, porque ajudamo-los a conseguir as coisas de que precisam a um preço mais barato ou a transformar as coisas de que não precisam em dinheiro. Sobretudo nestes meses de inflação isto tornou-se muito importante”, argumentou.
De acordo com o CEO da Wallapop, o segundo motivo – mais antigo – que explica este crescimento é a preocupação com a sustentabilidade. “O que é interessante constatar é que a sustentabilidade passou de um «nice to have» para se tornar realmente um «must have». Temos estudado o comportamento dos clientes nos últimos anos e vemos essa tendência”, assegura ao JE, acrescentando que o comércio eletrónico (e-commerce) é o terceiro.
Fundada em Barcelona em 2013, a Wallapop está presente em Itália, além da Península Ibérica. No entanto, neste momento, os portugueses só conseguem comprar e vender em território nacional e comprar de Espanha. O marketplace de artigos em segunda mão contabiliza aproximadamente 15 milhões de visitantes mensais em Espanha e cerca de 100 milhões de anúncios publicados por ano.
Rob Cassedy está à frente da Wallapop desde 2018 e antes foi CEO da alemã eBay Kleinanzeigen na Alemanha, a maior empresa de classificados da Europa, com cerca de 500 milhões de visitas mensais e 30 milhões de utilizadores. Aliás, foi um dos rostos por detrás da expansão europeia da eBay, pouco depois de sair da equipa de consultoria estratégica na Mars & Co.
Ao JE, Rob Cassedy admite que é fã de discos e já utilizou a Wallapop para comprar e vender uns 150 álbuns de música. O facto de ter morado em várias cidades europeias também o levou a utilizar plataformas como esta nas fases de mudança de casa. “Tento ir ao nosso site pelo menos uma vez por semana. Ainda por cima tenho duas crianças que estão a crescer rapidamente e há sempre coisas de que precisam. Recentemente, tenho vendido brinquedos e comprado livros”, conta.
Sempre que clicar num artigo aparecerá o preço e a descrição (“em bom estado”, “nunca usado, ainda com o plástico”, “como novo”, “algumas marcas de utilização”…). “Se for comprador, não precisa de andar com dinheiro quando for buscar o artigo. O pagamento é feito através da nossa aplicação. Se for vendedor, basta publicar uma fotografia, escrever umas linhas e pôr o artigo à venda”, esclarece o CEO.
Contudo, a experiência de abrir a página ou a app da Wallapop é personalizada – ou seja, se nos surgem no ecrã ideias de objetivos relacionados com o “regresso à rotina”, entre os quais estão bicicletas elétricas e estáticas ou halteres, a si poderá aparecer utensílios de cozinha ou consolas.
A app permite saber a localização do vendedor e comprador, o que possibilita entregas em mão para quem quer evitar custos de envio, mas também inclui entregas por correio através dos CTT e da DPD. Tal como outra encomenda, o valor do serviço irá depender do peso do artigo em causa e será pago pelos compradores diretamente aos vendedores, que se encontram protegidos pelo centro de litígios da marca.
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