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CEO do Bankinter Portugal admite crescer por aquisições e não rejeita estudar o Novo Banco

“A nossa estratégia tem sido o crescimento orgânico, o que não significa que não olhemos para outras oportunidade e que não venhamos a comprar”, disse Alberto Ramos quando questionado sobre a possibilidade de comprar o Novo Banco. O banco olhou para o EuroBic.
11 Fevereiro 2020, 13h15

“Nós estamos atentos a qualquer oportunidade do mercado”, disse Alberto Ramos, o responsável do Bankinter em Portugal, quando questionado se tinha estudado a compra do EuroBic.

O country manager do Bankinter Portugal admite também que o banco espanhol venha a estudar o Novo Banco quando o Lone Star o puser à venda.

“A nossa estratégia tem sido o crescimento orgânico, o que não significa que não olhemos para outras oportunidade e que não venhamos a comprar”, disse Alberto Ramos quando questionado sobre a possibilidade de comprar o Novo Banco.

O gestor que esteve 13 anos no BES disse que  o Novo Banco “tem uma quota de mercado no crédito interessante”.

“Quando chegar esse momento avaliaremos. Mas no nosso caso será sempre uma decisão financeira”, disse ainda.

O banco tem um rácio de eficiência (custos sobre proveitos) em Portugal muito elevado  (73%) e que compara mal com o grupo Bankinter que é de 47% e mesmo com a media do setor português.

Num encontro com jornalistas onde fez um balanço da atividade do banco em Portugal em 2019, Alberto Ramos revelou que a contribuição do Bankinter Consumer Finance na margem bruta do banco já é de 14%, e elogiou a medida do Banco de Portugal de reduzir o prazo máximo do crédito ao consumo de 10 para 7 anos.

O BKCF ultrapassou em 2019 os 120 mil clientes, mais 47% que em 2018; teve uma produção  de crédito de 101 milhões, mais 23% que um ano antes e o stock de crédito ao consumo cresceu 43% para 212 milhões.

Os outros negócios do Bankinter Portugal são a banca comercial que pesa 58% da margem bruta e a banca de empresas que já pesa 28% do total.

O responsável do banco em Portugal lembrou o ADN do Bankinter que nasceu em 1965 como banco industrial.

A banca de empresas subiu 26% para 2 mil milhões. Este crédito é alavancado pelo negócio internacional que cresceu 30% para 497 milhões; o negócio transacional  (factoring e confirming)e a banca de investimento que teve em 2019 o seu primeiro ano de afirmação.

Os custos regulatórios em 2019 foram de 9 milhões. Mas o Bankinter Portugal é uma sucursal e como tal paga não contribui para o Fundo de Resolução nacional. Mas paga a contribuição extraordinária  (imposto) que é uma parte do financiamento do fundo. Os gestores explicaram que o Bankinter em Espanha contribui para o Fundo de Resolução europeu.

O country manager do Bankinter Portugal explicou o resultado antes de impostos em 2019, que foi de 65,6 milhões de euros, uma subida de 9% face a 2018. A margem bruta (margem financeira e comissões) subiu 17% para 129,1 milhões de euros.

O desconto da carteira de crédito herdada do Barclays foi 65% superior a 2018, e somou 5,4 milhões de euros. Já as provisões libertadas foi de 30 milhões, mais 4% que em 2018.

A tudo isto há que abater os custos de aquisição do Bankinter Consumer Finance de 6,3 milhões, os custos regulatórios de 8,8 milhões, os custos operativos de 30 milhões (ainda assim traduz uma queda de 2% face ao ano anterior) para chegar àquele resultado.

A carteira de crédito cresceu num ano 12% para 6,5 milhões, mas o crédito malparado (NPL) recuou 23% para 158 milhões de euros, devido a cobranças com sucesso e redução de clientes em incumprimento. O rácio de crédito em incumprimento era em 2019 de 2,4%, o mais baixo do sistema.

Perante isto, Alberto Ramos disse que “é possível crescer em volume com redução do crédito em mora”.

No que toca à margem bruta verifica-se uma subida de 17% das quais 22% é a subida da receita com margem financeira e 10% a subida das comissões, alinhada com o crescimento do volume de negócios  (+12,2%). O volume de negócios inclui crédito, depositos e gestão de ativos

Os recursos de clientes crescem 7%. Mas o Bankinter Portugal é uma instituição que aposta muito na captação de recursos fora do balanço  (cresceu 16,7% para 3,5 mil milhões).

O private banking  (património  sob gestão) subiu 20% para 1,8 mil milhões e o Premier, para o segmento médio alto, cresceu 12% para 3,7 mil milhões graças à subida dos recursos fora do balanço e à atividade de gestão de ativos.

O banco destacou o crédito à habitação que subiu 11% para 4,2 mil milhões. A nova produção cresceu 35%, de 512 milhões em 2018 para 693 milhões em 2019, dos quais 26% em taxa fixa.

O banco concede crédito à habitação com um Loan-to-Value de 59,6%, revelaram.

A este propósito, quando questionado sobre o processo da Autoridade da Concorrência à banca sobre partilha de informação sensível entre os bancos, Alberto Ramos lembrou que o Bankinter herdou uma carteira de crédito à habitação com spreads muito baixos  (0,25%, 0,30%), o que revela que havia uma intensa concorrência entre os bancos antes da crise financeira. “Todos os meses devolvemos capital a 5.500 clientes, o que em dezembro nos custou 35 mil euros”, confessou.

Alberto Ramos salientou que o Bankinter Portugal foi eleito “Escolha do Consumidor”, na categoria Pequenos e Médios Bancos.

 

 

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