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CEO do BPI: “A dimensão que nós temos não é suficiente”

“Nós temos claramente de crescer, é isso que diz o nosso plano estratégico”, sublinha o presidente do BPI que volta a repetir que o seu mandato é de um crescimento orgânico. “Cabe ao acionista outras opções que entender como positivas (e tem experiência de o fazer)”, refere João Pedro Oliveira e Costa ao Observador.
8 Março 2025, 19h12

João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, em entrevista ao Observador, questionado sobre a possível aquisição do Novobanco, começou por referir que o “CaixaBank tem uma história de aquisições, nos últimos anos, bem sucedida, tendo-se tornado a maior instituição bancária da Península Ibérica. Em Portugal fez um caminho, através da aquisição do BPI, mas no futuro o combate no mercado vai fazer-se com uma dimensão maior e a dimensão que nós temos não é suficiente”.

“Nós temos claramente de crescer, é isso que diz o nosso plano estratégico”, sublinha o presidente do BPI que volta a repetir que o seu mandato é de um crescimento orgânico. “Cabe ao acionista outras opções que entender como positivas (e tem experiência de o fazer)”, refere João Pedro Oliveira e Costa ao Observador.

Em entrevista o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, assume a vontade de crescer. No entanto diz que ainda não calculou as sinergias que poderia ter com a compra do Novobanco.

Sobre uma eventual aquisição do Novobanco, remete para o CaixaBank que é quem decide. O CEO do BPI lembrou que “houve demonstrações de outros na vontade de seguir uma operação se ela vier a acontecer, e de também fazerem parte, por isso nesta altura não faz muito sentido fazer grandes comentários”.

O banqueiro lembrou também que o modelo de negócio da banca vai ter de se alterar, com a introdução da Inteligência Artificial, a maneira como os consumidores se comportam, e com a entrada de outros players, como é o caso da Revolut. Isto para dizer que há outros modelos de negócio que podem dar crescimentos mais rápidos. “No segmento das empresas há espaço para crescer”, disse.

Já sobre o cenário de a CGD ou o BCP comprarem o Novobanco, o CEO do BPI diz que “todos os concorrentes do mercado tem direito de estudarem ou atuarem como quiserem, desde que cumpram as regras da Concorrência e do supervisor. Não deve haver à partida nenhum tipo de barreiras a ninguém”. Mas apesar de defender isto disse a seguir que “não existe no mercado um banco público com uma posição tão elevada no mercado como a que resultaria da compra do Novobanco pela CGD”, sem no entanto poupar elogios à administração da Caixa, dizendo que Paulo Macedo “tem feito um óptimo trabalho”. No entanto, ressalva, “no futuro pode não ser assim”.

O CEO do BPI lembrou que a CGD ao longo dos anos, e desde 2004, foi capitalizada pelo acionista Estado, que aproxima o valor do custo da falência do Banco Espírito Santo.

“Tem de haver um equilíbrio no mercado entre o setor público e o setor privado”, disse o CEO do BPI sublinhando que a CGD pode avançar para o Novobanco (ou outro) desde que cumpra as regras de mercado.

A CGD e o Novobanco juntos “não muda muito o ponteiro nem em termos ibéricos, quanto mais europeus”.

“Ao BPI não lhe basta ficar com a atual quota de mercado, como é que a vamos aumentar, para já temos um plano de crescimento orgânico”, disse o CEO que defende uma reflexão “de como é que nos queremos posicionar no mercado”.

Citando o relatório Draghi e o posicionamento do Banco Central Europeu, defendeu a dimensão mais robusta.

“Temos desafios incríveis pela frente, temos a legislação exigente do DORA [regulamentação das regras mínimas relativas à segurança das redes e sistemas de informação atualmente em vigor ao nível da UE]”, disse o CEO lembrando o desafio da cibersegurança.

O regulamento comunitário de Resiliência Operacional Digital (DORA) relativo à resiliência operacional digital do setor financeiro serve para garantir a robustez das suas funções comerciais críticas e a proteção dos interesses dos clientes. Ao implementar o DORA de forma proativa, as organizações poderão fortalecer a sua estrutura de cibersegurança, melhorar as capacidades de resposta a incidentes e alinhar-se com as expectativas regulamentares.

Para além do DORA e da cibersegurança, o CEO citou como desafios os investimentos na Inteligência Artificial e para isso “é preciso dimensão”. É também preciso dimensão “para atrair talento e continuar a crescer, para apoiar a economia”.

Apesar de reconhecer que na fusão entre bancos concorrentes também surgem oportunidades.

Sobre a alegada quota de mercado de bancos espanhóis em Portugal, o CEO do BPI diz que “a discussão dos centros de decisão é uma coisa provinciana, e não faz sentido no contexto europeu, é tudo uma questão de regras, pois o capital é volátil”.

“Vamos ver como é que corre o IPO [do Novobanco], eu não estou a ver muitos institucionais a quererem ter pequenas participações num banco que é o número cinco do mercado”, disse o CEO do BPI sobre a anunciada intenção de a Lone Star avançar para uma dispersão em bolsa.

O tema da competitividade dos bancos vai-se ser um dos desafios principais daqui para a frente, defendeu.

A Critéria que tem participações em empresas espanholas “tem vontade de investir em Portugal”, revelou ainda.

O CEO do BPI acredita que os lucros dos bancos vão baixar já em 2025, por causa das receitas dos juros. Os sete maiores bancos somaram 5,5 mil milhões em 2024.

“Os resultados dos bancos, sobretudo dos nossos concorrentes, têm uma grande componente de recuperação de créditos, ou seja libertação de provisões constituídas no passado”, realçou.

 

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