O Conselho de Finanças Públicas (CFP) mantém a projeção de 1,2% de crescimento para este ano, valor que deve subir nos anos seguintes até ao crescimento potencial nacional, ou seja, 1,7%, e reviu em alta o desemprego e a inflação.
A instituição liderada por Nazaré Costa Cabral publicou esta terça-feira as perspetivas orçamentais atualizadas, onde aponta a um crescimento de 1,2% este ano. Para 2024, a expectativa é que o indicador acelere, chegando a 1,8% antes de saltar para 2,0% em 2025; nos dois anos seguintes, a economia abrandará para se fixar em torno do crescimento potencial, ou seja, 1,7%.
O documento explica que a quebra da atividade assentará sobretudo na “redução quer no contributo da procura interna, quer no contributo das exportações líquidas” este ano, dado o deteriorar das perspetivas de consumo e investimento. Ainda assim, nesta segunda componente haverá um impacto positivo dos fundos europeus, o que constitui igualmente um risco negativo às previsões do organismo.
Uma das dinâmicas que penalizará o consumo e investimento será a pressão nos preços, que se manterá elevada este ano, projeta o CFP. O índice harmonizado de preços no consumidor, o indicador de referência na zona euro, deve cair em relação aos 8,1% do ano passado, mas não descerá mais do que 5,9%, ou seja, bastante acima dos 5,1% antes projetados.
A expectativa é que este indicador continue a recuar nos anos seguintes, passando para 3,1% em 2024, 2,3% em 2025 e convergindo para o objetivo de longo-prazo de 2% a partir de 2027. Mais uma vez, a inflação constitui um risco negativo ao exercício de projeção do CFP: por um lado, uma pressão acrescida nos preços deprimirá ainda mais o consumo do que já esperado; por outro, inflações mais elevadas obrigarão os bancos centrais a subir juros ainda mais, reduzindo a liquidez e acesso ao crédito e, por conseguinte, quebrando mais a atividade económica.
A trajetória de redução da dívida proposta pelo Governo parece exequível, olhando para o documento publicado esta terça-feira, dado que a expectativa do CFP passa por quedas todos os anos até um rácio de 98,8% em 2026. Até lá, 2023 fechará com 109,2%, valor que cai para 105,3% e depois para 101,9% nos dois anos seguintes.
Do lado do mercado de trabalho, que tem sido o sinal mais positivo do lado macro nos últimos trimestres, a criação de emprego deve abrandar para 0,2%, depois dos 2,0% deste ano, ao mesmo tempo que o desemprego sobe até aos 6,4%. Nas projeções de setembro, o CFP apontava a 5,3% de desemprego em 2023.
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