A Caixa Geral de Depósitos registou um resultado líquido de 608 milhões de euros e uma rentabilidade dos capitais próprios (ROE) de 13,5%. Paulo Macedo, CEO, fala em “resultado histórico”.
Os lucros sobem 25% face ao período homólogo muito impulsionados pela margem financeira. O resultado do primeiro semestre teve ainda um contributo da alienação de ativos do extinto Fundo de Pensões de 80 mihões de euros.
O contributo da atividade internacional para o Resultado Líquido Consolidado da CGD somou 102 milhões de euros.
A Caixa ganhou, no primeiro semestre, 258 milhões de euros com a aplicação de depósitos junto do Banco Central Europeu (BCE), revelou o banco. No primeiro semestre, a CGD tinha 18,8 mil milhões de euros em depósitos em bancos centrais e aplicações em instituições de crédito. “No caso dos depósitos em bancos centrais, de notar que no primeiro semestre de 2022 a aplicação de taxas de juro negativas pelo Banco Central Europeu representava um custo, situação inversa à dos primeiros seis meses de 2023, quando se registaram taxas positivas, resultando num aumento da margem financeira afeta a estas operações no valor de 253 milhões de euros”, refere a CGD.
“A restante atividade doméstica, incluindo a gestão da carteira de títulos, registou um aumento de 32 milhões de euros”, acrescenta.
O resultado líquido do semestre “permite saldar os prejuízos anteriores”, revelou a administração. “A Caixa entrega este ano 1.200 milhões de euros do valor da recapitalização, com pagamento de dividendos de 713 milhões (referente ao pagamento de 352 milhões em numerário e 361 milhões em espécie, subordinado à autorização do BCE) e a liquidação da emissão Tier 2 no valor de 500 milhões de euros”, diz o banco.
A margem financeira consolidada aumentou 127% (738 milhões) para um total de 1.316 milhões de euros “devido essencialmente ao contributo da atividade em Portugal [em Portugal a receita da margem cresceu num ano 716,7 milhões] reflexo de dois efeitos, o impacto da subida das taxas de juro nas operações de retalho, repartido entre o segmento de clientes particulares (+270 milhões de euros) e empresas e outros clientes (+148 milhões de euros); e o contributo da atividade de tesouraria”, refere o banco.
As comissões caem e têm tendência decrescente, no consolidado caíram 5% para 289 milhões de euros, e na atividade doméstica caíram 3%. A redução de comissões foi impactada por uma diminuição da procura de crédito. Já os resultados de trading subiram 77 milhões num ano para 152 milhões de euros.
Ao todo o produto bancário totalizou 1.775 milhões de euros, o que traduz uma subida de 75,7%.
Do lado dos custos verifica-se um aumento de 13,3% para 556 milhões de euros. Os custos de estrutura sobem por causa do contexto inflacionista e devido ao “investimento continuado”.
Os custos regulamentares totalizaram 69 milhões de euros, que inclui 30 milhões de custos de supervisão e resolução (fundos de resolução) e 39,5 milhões de Contribuições Extraordinárias (contribuição sobre o setor bancário estabelecido em 2011 e adicional de solidariedade sobre o setor bancário estabelecido em 2020).
As provisões e imparidades registadas no primeiro semestre de 2023 aumentaram 496,2 milhões de euros (dos quais +298 milhões foi o acréscimo das imparidades para crédito) face ao período homólogo de 2022.
Paulo Macedo explicou que os 137 milhões de euros de provisões (+199 milhões face a junho de 2022) que não são para crédito e que estão registadas nas contas do primeiro semestre são “maioritariamente provisões dos custos do programa de reestruturação”.
O cost-to-income que mede a eficiência melhorou para 31,1%.
No que se refere à qualidade da carteira de crédito, o crédito non performing caiu 3,8% em termos de valor absoluto para 1.783 milhões de euros. Mas em termos de rácio de NPL (malparado) este agrava ligeiramente para 2,48% por causa da diminuição da carteira de crédito.
O Crédito a Clientes (Consolidado) caiu 0,8% desde dezembro de 2022 para 52.610 milhões de euros em junho deste ano.
O rácio de cobertura do malparado por imparidades fixou-se em 76,8%.
O risco do crédito subiu para 0,40%, refletindo uma ligeira degradação da qualidade da carteira de crédito, reportou o banco. A CGD anunciou um reforço da imparidade de crédito no valor de +298 milhões de euros que reflete uma abordagem preventiva.
O crédito performing (em Stage 1) continua a representar mais de 88% da carteira de crédito, diz a CGD.
Nos ativos não core, que inclui a incorporação dos imóveis do Fundo de Pensões, a CGD revelou que os imóveis detidos para venda somam 339 milhões de euros, dos quais 69 milhões dizem respeito a Imóveis do extinto Fundo de Pensões.
Por sua vez o montante em fundos de reestruturação totaliza 197 milhões de euros em Junho.
No balanço, os recursos de clientes, incluindo os depósitos, caíram -5,6% para 79.297 milhões de euros. Em Portugal os depósitos somam 68.842 milhões de euros, o que compara com 72.605 milhões de euros no fim de dezembro.
Já no que se refere aos rácios, a CGD revelou um rácio de CET1 de 19,3%. Por sua vez, o Texas Ratio (Non Performing Exposure EBA / (Imparidade + Tangible Equity) fixou-se em 19,1%.
(atualizada)
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