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Cheiro a Poder!

A Madeira já gastou 114 milhões em despesas com a pandemia, num total previsto de 344 milhões. 7 milhões foram apenas em testes. O executivo regional tem apostado tudo a montante. Não descurando o reforço das valências Hospitalares, investe fortemente para que madeirenses e visitantes não tenham de recorrer a estas. Testes, logística aeroportuária e isolamento em hotéis.
9 Dezembro 2020, 07h15

Alguém convenceu Rui Rio que vai ser 1° Ministro. Só assim se explica a metamorfose que o líder do PSD sofreu desde a rentrée. Rio habituou o país a uma, por vezes desconcertante, oposição colaborante. Se Costa dissesse mata, Rio dizia esfola. Parecia estar em permanente competição com Marcelo para o prémio virtual de “O melhor amigo do António, o nosso primeiro”. Mas, eis que num ápice, tudo mudou.

Talvez o primeiro sinal tenha consistido em deixar-se envolver no acordo de incidência parlamentar que o PSD dos açores fez com o CHEGA (também dos Açores). Quer a direção de Bolieiro, quer os dirigentes do CHEGA açoriano (que até há pouco tempo eram militantes do PSD) deixaram bem claro às direções nacionais que não admitiam interferências nas negociações para viabilização de um governo não socialista no outro arquipélago. Claro que a Ventura convinha dar uma ideia de liderança do processo, à boleia da opinião pública(da) continental que nunca perceberá esta excentricidade chamada Autonomia, e que se estende aos partidos (e militantes) com a escola de Jardim e Mota Amaral. Mas o surpreendente foi verificar que Rio nunca quis verdadeiramente esclarecer que aquele acordo tinha que ver com a realidade especifica dos Açores e que não tinha passado pela São Caetano à Lapa.

O segundo momento de “populismo”, utilizemos esta simplificação para…”simplificar” foi a aprovação da proposta do BE de vetar a transferência de 476 milhões de euros do fundo de resolução para o Novo Banco. É verdade que Costa, e a esquerda mais à esquerda do PS, já mereciam uma lição, pois durante muito tempo, enquanto oposição, foram demagogicamente utilizando o problema da banca portuguesa para atacar o Governo de Passos, amarrado que estava às diretrizes europeias e ao acordo com a TROIKA. Quem não se lembra de ouvir o PS a fazer eco com a extrema esquerda de que os montantes do fundo de resolução eram exclusivamente públicos? Ou a enfileirar a narrativa do “Não Pagamos”, cujo maior artífice foi o agora todo poderoso Ministro Pedro Nuno Santos, que ameaçava “fazê-los”, aos 3 B’s (Banca, Bruxelas, Berlim) “tremer de medo”? Habituaram-se com Passos a que o PSD fosse o partido adulto do sistema, o partido a quem era exigida especial responsabilidade regimental. “Não negociamos com o PSD, o nosso espaço é com os parceiros de esquerda”. Mas se o PSD apoia um não orçamentado retroativo da carreira dos professores, “Aqui Dél Rei” que o partido de Sá Carneiro não pode ser irresponsável.

O mesmo se passou na rábula da última semana. Não pode? Mas os parceiros (agora) naturais, afinal o são? O PS assume que o seu espaço de diálogo é o da irresponsabilidade política? Pior que isto só quando vemos altos quadros do PS e do Governo a negociar com Ventura, menos de uma semana depois de Costa afirmar que isso era o debacle da III República. Rio aprovou então aquilo que não é exequível. Mas fica bem na foto. Nem que para isso tivesse de recorrer à chantagem com o PSD Madeira, pelo que se sabe, não se distinguido de Costa, que utiliza todos os pretextos para não fazer acolher na legislação portuguesa a extensão dos benefícios fiscais do Centro Internacional de Negócios, decorrentes do RGIC, conforme a Comissão Europeia já o permite desde início de Julho. Uma vergonha. Muito muros têm sido quebrados nestes últimos tempos,  parafraseando as messiânicas palavras do secretário-geral do PS, quando transformou uma derrota eleitoral em 2015 no maior sucesso da sua carreira enquanto político.

O Ano do regresso

A Madeira já gastou 114 milhões em despesas com a pandemia, num total previsto de 344 milhões. 7 milhões foram apenas em testes. O executivo regional tem apostado tudo a montante. Não descurando o reforço das valências Hospitalares, investe fortemente para que madeirenses e visitantes não tenham de recorrer a estas. Testes, logística aeroportuária e isolamento em hotéis. Miguel Albuquerque, Pedro Calado, Pedro Ramos e Herberto Jesus tem demonstrado coragem política, poder de antecipação, discernimento técnico e científico, prevenindo em vez de remediar. Não é por acaso que os internamentos têm sido escassos, menos ainda na UCI, e que os dois óbitos, que são sempre de lamentar, tenham sido de pessoas quase centenárias, com um conjunto inevitável de comorbilidades. Como sempre questiona José Miguel Júdice, terão morrido COM Covid e não DE Covid.

A Madeira prepara-se para, no próximo exercício orçamental, apoiar fortemente as empresas, reforçando um conjunto de programas através da Secretaria da Economia, e amparar as vítimas colaterais da pandemia que foram excluídas do mercado de trabalho com importantes apoios sociais. A aposta na Habitação, segundo vector com maior envelope no Plano de Recuperação e Resiliência, promete revolucionar o paradigma a nível Regional. Que o próximo ano, com a boa notícia de mais uma vitória no Parlamento Europeu – que nos assegurará a manutenção do cofinanciamento comunitário na ordem dos 85%, seja o de regresso ao trilho.

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