[weglot_switcher]

China: Coronavírus é o maior teste ao trabalho a partir de casa

Com o recolher obrigatório imposto pelo China, trabalhar a partir de casa é a forma que as empresas arranjaram para impedir que os negócios fiquem parados. Sendo a China o país mais populoso do mundo, esta experiência será a maior alguma vez feita e poderá confirmar se de facto a produtividade aumenta ou diminui quando se trabalha em casa.
4 Fevereiro 2020, 18h25

O estado de quarentena em que se encontram todas as regiões chinesas obrigaram empresas e trabalhadores a testarem uma nova forma de trabalhar, fazendo-o a partir de casa. Esta realidade já é conhecida em vários países europeus e, segundo um estudo, aumenta a produtividade em 13%, segundo o El Economista.

Para muitos, o que é um privilégio é agora uma necessidade na China. Trabalhar em casa foi a forma que as empresas encontraram de manter um nível mínimo de produtividade e amenizar possíveis catástrofes económicas. Tendo em conta que a China é o país mais populoso do mundo, este “teste” poderá representar uma mudança de paradigma a nível global caso seja bem-sucedido.

Alvin Foo, diretor-geral da Reprise Digital, afirmou que “é uma boa oportunidade para testar o trabalho a partir de casa a grande escala”, mas sublinha que “não é fácil para uma agência de publicidade que discute ideias criativas ao vivo”, em entrevista à Bloomberg citado pelo El Economista, Foo admite que “vão acontecer muitas chamadas telefónicas e de vídeo”.

Muitos empresários já se manifestaram contra esta forma de trabalhar, baseando-se em teorias que trabalhar a partir de casa diminui a produtividade. Precisamente o contrário do que diz o estudo da Universidade de Stanford na Califórnia, que em 2015 confirmou que os trabalhadores de um call center da agência de viagens chinesa Ctrip eram 13% mais produtivos quando o faziam de casa.

Esta experiência (forçada) já está a decorrer, mas devido às comemorações do ano novo chinês muitos cidadãos ainda se encontram de férias. Quando “regressarem” a quantidade de pessoas que se vai juntar à experiência vai aumentar e será a derradeira prova para confirmar ou refutar que trabalhar de casa aumenta a produtividade.

Contudo, nem todos os empregos podem usar esta alternativa. A maioria das centenas de milhares de fábricas na China não tem a possibilidade de recorrer ao trabalho a partir de casa para produzir e, como tal, a queda na produção e consequente faturação faz com que muitas empresas estejam já a refazer as suas estimativas de vendas para o presente ano, segundo o El Economista.

Um dos exemplos é a Casetify, empresa produtora de capas para telemóveis, tinha previsões de que as vendas iriam duplicar e ter o melhor ano de sempre, mas sem trabalhadores a produção está parada e no prazo de 30 dias vão ficar sem stock.

Os ginásios são também um dos negócios mais afetados pelo coronavírus. As pessoas ao evitarem locais públicos, fazem com que os ginásios sejam um dos principais pontos a evitar, não só pelo esforço físico, mas também pela proximidade entre as pessoas. Fenix Chen, proprietário de um Ginásio em Pequim, afirma que “o medo do contágio vai ter um impacto duradouro neste negócio” e em declarações ao El Economista, teme que demorem meses a recuperar.

Segundo a Bloomberg, estima-se que o valor das transações nos primeiros 30 dias de janeiro foi metade quando comparado ao período homólogo de 2019. O banco japonês Nomura emitiu um comunicado a que o El Economista teve acesso onde afirma que “o pior ainda está para vir”, e segundo o banco japonês, o coronavírus terá um impacto negativo na economia chinesa a curto prazo, superior ao que aconteceu em 2003 quando a China esteve a braços com o SARS (síndrome) que matou 349 pessoas, segundo o Business Insider.

O coronavírus já matou 425 pessoas com o número de casos confirmados a atingir as 20 mil pessoas.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.