A China vai lançar uma emissão de obrigações no valor de 60 mil milhões de yuan (7,93 mil milhões de euros), a maior realizada através de Hong Kong, para apoiar o câmbio do renmimbi.
Num comunicado publicado hoje, a Autoridade Monetária de Hong Kong, o regulador financeiro da região semiautónoma chinesa, anunciou que estas obrigações terão uma maturidade de seis meses.
A agência de notícias financeiras Bloomberg notou que este é um número recorde em leilões deste tipo realizados pelo banco central da China através da antiga colónia britânica, desde que começaram em 2018, e salientou que a instituição vai absorver a quantidade de yuan atualmente disponível no mercado, gerando assim procura pela moeda.
“A absorção de liquidez provavelmente limitará o financiamento ‘offshore’ de yuan no curto prazo, mas a força do dólar [norte-americano] e as incertezas tarifárias contínuas provavelmente continuarão a pressionar o yuan [nome comum do renmimbi, a moeda chinesa] para baixo”, disse Wee Khoon Chong, analista do banco de investimento BNY, citado pela Bloomberg.
O banco central da China não recorre a emissões de obrigações para apoiar a moeda desde 2023, e as previsões de liquidez apertada em Hong Kong fizeram com que os custos de financiamento do renmimbi atingissem o valor mais elevado desde meados de 2021.
Nos últimos meses, o banco central chinês fixou repetidamente taxas de câmbio oficiais mais fortes do que o previsto – em relação às quais a taxa ‘onshore’, a que é transacionada nos mercados chineses, só pode flutuar num máximo de 2% por dia – para defender a moeda, tornando também público o compromisso de manter a estabilidade cambial.
Esta semana, o renmimbi esteve muito perto de cair para o valor mais baixo desde finais de 2007.
Desde meados de 2024 até ao final de setembro, o valor da moeda chinesa registou tendência ascendente, devido às expectativas de cortes nas taxas de juro nos Estados Unidos e de um prolongamento significativo das medidas de apoio à economia chinesa, face a uma recuperação aquém do esperado após a pandemia da covid-19.
No entanto, a curva inverteu-se perante a desilusão dos investidores com as medidas de estímulo anunciadas por Pequim e a vitória eleitoral nos EUA do republicano Donald Trump, que iniciou em 2018 uma guerra comercial contra a China, durante o seu primeiro mandato (2017-2021), e prometeu impor novas taxas alfandegárias sobre as importações do país asiático.
Os analistas estimam que Pequim permitirá uma depreciação do renmimbi para amortecer o impacto da subida das taxas.
A Oxford Economics estimou que a China permitirá uma depreciação entre 20% e 25% no caso de Trump cumprir a sua promessa de aumentar as taxas para 60%, embora veja um cenário mais realista de as taxas subirem da média atual de 17% para 30%, o que se traduziria numa perda de valor entre 6% e 8% para a moeda chinesa.
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