A China Three Gorges está a pensar em reavaliar a oferta de 9,1 mil milhões de euros que fez pela EDP. O valor da contrapartida da oferta pública de aquisição (OPA) dos chineses à energética nacional é de 3,26 euros por ação, mas a China Three Gorges deverá mudar os termos da operação, revela a “Bloomberg” este sábado.
A decisão surgiu com base nas preocupações com obstáculos políticos que deverão inviabilizar o negócio e ainda valorização de mercado da empresa portuguesa. Na sua entrevista ao Jornal Económico a 15 de março, o embaixador dos Estados Unidos em Portugal George Glass avisou que Donald Trump iria chumbar a operação nos EUA. “Opomo-nos absolutamente a esse negócio”, avisou o diplomata norte-americano sediado em Lisboa.
A Bloomberg avança hoje que a empresa está a avaliar transações alternativas menores que excluem os ativos norte-americanos da EDP, que são os mais propensos a desencadear a oposição reguladora, afirmam fontes próximas do processo, que pediram para não serem identificadas já que a informação é privada.
A China Three Gorges está a considerar investir em alguns ativos brasileiros da EDP, ou formar uma parceria com a EDP neste país sul-americano, disseram as mesmas fontes, uma hipótese anteriormente avançada. As conversações estão em andamento e nenhuma decisão final foi ainda tomada, segundo a Bloomberg.
As ações da EDP subiram 1,9%, para 3,48 euros na bolsa de Lisboa na sexta-feira, dando à energética um valor de mercado de cerca de 12,7 mil milhões de euros. Esse preço de fecho é 6,7% maior que a oferta da Three Gorges de 3,26 euros por ação.
A Bloomberg avança que a China Three Gorges tem estado a avaliar os méritos da sua oferta pela EDP depois de uma mudança súbita na liderança da empresa chinesa em novembro. O aumento das tensões políticas entre Washington e Pequim, e o aumento do escrutínio sobre o investimento chinês na União Europeia, têm contribuído para a falta de avanço do processo.
Uma operação de compra mais pequena poderia permitir à China Three Gorges não deitar totalmente fora a operação já lançada, ficar ainda com alguns ativos, tentando evitar críticas acerca do falhanço da OPA lançada sobre a EDP.
Mas se a CTG quiser alterar a sua oferta pela EDP vai ter de procurar aprovação junto dos reguladores chineses, assinalam as fontes consultadas pela Bloomberg.
A notícia da Bloomberg surge um dia depois de o regulador CMVM ter vindo a público avisar que o chumbo da desblindagem de votos da EDP na próxima assembleia-geral da EDP deixa a oferta pública de aquisição (OPA) sem condições de continuar.
Assim, a CTG não é obrigada a lançar a OPA à EDP se na AG de dia 24 de abril a desblindagem de votos não passar, porque uma das condições de lançamento é precisamente a desblindagem de votos. A OPA só continua se a CTG renunciar a esta condição de lançamento.
Mas se a OPA não cair na próxima AG de 24 de abril, a CMVM dá 45 dias à China Three Gorges para tudo ficar decidido. Neste cenário, a CMVM impõe que na sequência da assembleia geral, a CMVM notificará a CTG, estabelecendo um prazo de 45 dias de calendário dentro do qual se deverão verificar as “restantes condições de que depende o registo e lançamento das ofertas, nomeadamente a obtenção de todas as aprovações ou autorizações administrativas exigíveis, bem como a aprovação da restante alteração estatutária relevante”, esclareceu o regulador.
CMVM: Chumbo da desblindagem de votos da EDP na próxima AG deixa OPA sem condições de continuar
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