Pouco depois do início do documentário Retratos Fantasmas, do brasileiro Kleber Mendonça Filho (O Som em Redor, Aquarius, Bacurau), o realizador mostra o que diz poder ser a fotografia de um fantasma, tirada por ele na sua casa do Recife, uma moradia dos anos 70 onde cresceu com a mãe divorciada e mora ainda com a família, e que já sofreu um par de alterações profundas (uma delas da responsabilidade do irmão, que é arquitecto). A casa, tal como o próprio Recife, onde Kleber nasceu, são duas das grandes protagonistas de Retratos Fantasmas. Embora os fantasmas que mais interessam no filme são os grandes cinemas da cidade, que ele frequentou e onde fez muita da sua educação cinéfila, por onde passaram várias gerações dos seus concidadãos e que já desapareceram quase todos, tirando o São Luiz, hoje uma sala pública.
Sucedeu no Recife aquilo que se passou em muitas grandes cidades de todo o mundo. O centro histórico, que foi outrora o coração da urbe – económico, comercial, cultural, social e de entretenimento – foi-se degradando, por razões diversas. E as pessoas, o dinheiro, os negócios, os pólos de diversão e a prosperidade mudaram-se para outra zona da cidade. Os cinemas que lá se encontravam não escaparam a essa degradação, tendo fechado, sido demolidos, ocupados por outras actividades (supermercados, igrejas evangélicas, centros comerciais) ou permanecendo fechados e a deteriorar-se pouco e pouco.
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