De acordo com as Nações Unidas, em 2050, 68% da população mundial viverá em áreas urbanas. Este crescimento populacional nas cidades exige que se trabalhe arduamente ao nível da sustentabilidade – ao nível do design e construção, mas também na forma como os edifícios se relacionam com os ecossistemas que os rodeiam.
Um dos passos primordiais da sustentabilidade passa pela maximização do tempo de vida útil das construções. As edificações que não sejam devidamente programadas, dimensionadas e desenhadas para uma utilização “future proof”, flexível e de qualidade, são, de facto, as menos sustentáveis, por resultarem numa desocupação progressiva, conduzindo à inevitável demolição e posterior reconstrução profunda, resultando numa antecipação e aumento da inerente emissão de CO2.
Neste contexto, também a escolha de materiais de construção ganha um novo significado. A madeira, um dos materiais mais antigos utilizados na construção, volta a destacar-se. Ao contrário de materiais mais convencionais, como o betão e o aço, a madeira tem uma pegada ecológica muito menor, sendo capaz de armazenar carbono ao longo da sua vida, o que contribui para a mitigação das emissões de CO2.
Além do impacto positivo na redução das emissões, como material natural, a madeira contribui para o isolamento térmico e acústico das habitações, o que reduz o consumo energético associado ao aquecimento e arrefecimento deste tipo de construção.
A transformação do setor imobiliário rumo à sustentabilidade também se reflete nas expectativas dos compradores e investidores. Hoje, há uma procura crescente por edifícios verdes, que não só respeitem o ambiente na sua construção, mas que também operem de forma eficiente e sustentável.
As cidades do futuro terão de ser inteligentes: alimentadas por tecnologias avançadas e dados em tempo real, serão capazes de criar edifícios mais eficientes e autossuficientes, respondendo às necessidades diárias dos utilizadores, enquanto minimizam o consumo excessivo de energia e a produção de resíduos.
A integração de sistemas de energias renováveis, como a solar, a geotérmica e a eólica, será um dos pilares desta transformação, garantindo que as casas do futuro se aproximem da autossuficiência ou até da capacidade de gerar energia para o restante tecido urbano. A gestão da água será otimizada, com a promoção da permeabilidade, com o reaproveitamento da água da chuva e a reciclagem de águas residuais para usos não potáveis, contribuindo para uma redução significativa no consumo de recursos hídricos.
Além da eficiência de recursos, as cidades do futuro serão desenhadas para promover a qualidade de vida dos seus habitantes, incentivando a criação de bairros com espaços partilhados, zonas verdes e soluções de mobilidade sustentável. A convivência em comunidade, a proximidade aos serviços essenciais e a integração harmoniosa com o ambiente natural serão prioridades no desenvolvimento urbano.
Esta nova forma de viver reflete uma mudança nas expectativas das pessoas, que valorizam não apenas a eficiência, mas também a sustentabilidade e o bem-estar proporcionados por um ambiente saudável.
E a transição para um setor imobiliário mais verde exige o envolvimento ativo de diferentes agentes. Políticas governamentais que incentivem o uso de materiais sustentáveis e a revisão dos regulamentos de construção serão essenciais para que as cidades do futuro possam ser equilibradas em termos ambientais.
As cidades do futuro estão a ser construídas hoje. As decisões que tomamos agora terão impacto direto na sustentabilidade do nosso planeta ao longo de várias gerações. Ao escolher materiais como a madeira e ao desenhar edifícios com qualidade e que se integram harmoniosamente com o meio ambiente, estamos a criar um futuro onde as cidades e a natureza coexistem de forma sustentável e duradoura. Mais do que uma opção, esta deve ser uma prioridade do nosso setor.