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Cientistas alertam para retrocesso na economia circular devido à pandemia

Joana Prata, Ana Luísa Silva, Armando Duarte e Teresa Rocha-Santos, investigadores da Universidade de Aveiro, estimam que todos os meses são precisas 129 mil milhões de máscaras e 65 mil milhões de luvas no mundo inteiro, mas avisam que é necessário fazer a substituição das descartáveis para as reutilizáveis.
29 Setembro 2020, 15h09

Já deverá ter reparado em máscaras descartáveis ou luvas abandonadas pelas ruas ou areais portugueses. Agora, uma equipa de cientistas da Universidade de Aveiro (UA) estudou a fundo os efeitos da pandemia na gestão sustentável de resíduos de plástico e na produção de lixo no país e concluiu que a quantidade de plásticos não reutilizáveis aumentou, sobretudo em embalagens de refeições (take-away) e materiais de proteção individual.

Houve, assim, retrocessos no âmbito da economia circular que desnecessários, uma vez que, na opinião dos autores, é possível garantir a segurança sanitária sem desprezar a preocupação ambiental. Joana Prata, Ana Luísa Silva, Armando Duarte e Teresa Rocha-Santos, investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA consideram urgente encontrar alternativas.

“Em muitas áreas do mundo a reciclagem dos plásticos parou, noutras as entidades debatiam-se com o tratamento adequado dos crescentes resíduos hospitalares potencialmente infeciosos”, pode ainda ler-se na análise, realizada em parceria com a Universidade de Dalhousie (Canadá), o Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudos da Água (Espanha) e a Beijing Normal University (China).

As primeiras autoras de uma série de três estudos científicos, Ana Luísa e Joana Prata, estimaram, com base em estratégias de saúde pública, que todos os meses são precisas 129 mil milhões de máscaras e 65 mil milhões de luvas no mundo inteiro.

“Não deveríamos descontinuar uma estratégia ambiental a longo-prazo quando é compatível com as atuais medidas de combate à pandemia e contribui para a futura preservação da saúde humana. Por exemplo, não há evidencias que a utilização de luvas descartáveis seja mais eficaz do que a correta higienização das mãos”, referem.

Volvido o Estado de Emergência e as fortes restrições à circulação, que foram positivos para o ambiente devido à redução da poluição atmosférica, os investigadores do CESAM) fazem agora recomendações de gestão coletiva e individual, recomendando que a utilização dos plásticos seja feito de uma forma responsável: otimização da sua produção, uso ponderada, substituição do descartável pelo reutilizável e gestão de resíduos eficaz e sustentável.

“Teremos de delinear estratégias para uma produção e utilização sustentáveis dos materiais plásticos em situação de emergência. Os plásticos podem ser bons ou maus, tudo depende da forma como são utilizados e descartados”, concluem.

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