No dia 7 de janeiro, de 2015, os irmãos Chérif e Saïd Kouachi entraram de rompante na redação do jornal “Charlie Hebdo”, em Paris, e durante um minuto e 49 segundos dispararam a matar. O ataque fez onze vítimas mortais (mais um polícia, que foi assassinado na rua, mais tarde) e onze feridos. Os dois atacantes foram abatidos momentos mais tarde.
No dia seguinte, Amedy Coulibaly, amigo próximo de Cherif Kouachi, matou um agente policial e a 9 de janeiro mais quatro homens judeus foram assassinados num supermercado localizado no leste de Paris. Os três criminosos também acabaram mortos pela polícia em confrontos. Nesses três dias, morreram 17 pessoas.
O sucedido foi considerado como um ataque à liberdade de imprensa e fez ecoar a expressão “Je suis Charlie” (“eu sou Charlie”) um pouco por todo o mundo.
Cinco anos depois, o Tribunal de Paris prepara-se agora para arrancar, esta quarta-feira, com o julgamento que acusa 14 suspeitos de serem cúmplices dos militantes islâmicos que foram considerados pela justiça francesa como terroristas. Durante este processo, que deverá decorrer ao longo de 49 sessões e findar a 9 de setembro, vai ser argumentado como estas pessoas (incluindo os irmãos Belhoucine e Hayat Boumeddien, companheira de Coulibaly, que vão ser julgados à revelia por suspeitas de terem fugido para a Síria) ajudaram materialmente ou contribuíram para a sua radicalização.
Numa gravação de vídeo, dias antes do ataque, Coulibaly chegou a admitir que os ataques foram coordenados e executados em nome do Estado Islâmico. A Al Qaeda, sediada no Iémen, na Península Arábica, reivindicou o ataque à redação do “Charlie Hebdo”.
Cinco anos depois, no jornal onde tudo aconteceu, a memória permanece dolorosa, mas o título não se afastou da sua linha editorial, crítica dos políticos e da religião. No mesmo dia do arranque deste julgamento, o jornal satírico republica as mesmas caricaturas de Maomé que transformaram a publicação num alvo dos jihadistas. “Tout ça, por ça?” (tudo isto, por isto?), lê-se na primeira página.
“Pediram-nos com frequência, depois de janeiro de 2015, para publicarmos outras caricaturas de Maomé. Mas nós sempre recusámos, não porque seja proibido, a lei autoriza-nos a fazê-lo, mas porque era preciso uma boa razão para o fazermos”, justificou a equipa do jornal num artigo neste número especial.
Numéro spécial : Tout ça pour ça.
— Charlie Hebdo (@Charlie_Hebdo_) September 1, 2020
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