As movimentações de tropas ao longo desta terça-feira levam o governo da Ucrânia e os analistas militares a concluírem que a já chamada batalha do Donbass já teve início. E que o primeiro cenário dessa batalha foi a cidade de Kreminna. Segundo relatos do local, as tropas ucranianas retiraram da cidade, não tendo conseguido suster a investida russa.
Kreminna, uma cidade de mais de 18 mil habitantes a cerca de 560 km a sudeste da capital, Kiev, parece ser a primeira cidade capturada na nova ofensiva russa no leste da Ucrânia. “Kreminna está sob o controlo dos russos, eles entraram na cidade”, disse Serhiy Gaidai, governador da região de Luhansk. “Os nossos soldados tiveram de retirar, para se entrincheirarem numa novas posições e continuarem a lutar contra o exército russo”, disse ainda.
Gaidai disse que “É impossível calcular o número de mortos entre a população civil. Temos estatísticas oficiais – cerca de 200 mortos – mas na realidade são muitos mais”.
Previamente à tomada de Kreminna, a Rússia realizou uma das maiores barragens de ataques desde o início da invasão: um total de 1.260 alvos militares foram atingidos por misseis e artilharia durante a noite ao longo da linha de frente nas regiões de Donbas e Kharkiv.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, antecipou o ataque russo num discurso em vídeo na noite de segunda-feira. “A batalha pelo Donbas, para a qual os russos se preparam há muito tempo, começou”, disse, acrescentando que “uma parte significativa de todo o exército russo está agora concentrada nesta ofensiva”.
Entretanto, a Rússia convidou as forças ucranianas estacionadas na metalúrgica Azovstal, na cidade de Mariupol, a deporem as armas – querendo isso dizer, segundo o governo ucraniano, que esse será o próximo alvo a abater pelo exército russo.
Por outro lado, a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, disse que 76 prisioneiros de guerra ucranianos regressaram ao país por troca com prisioneiros russos. A Rússia entregou 60 soldados, incluindo dez oficiais, e 16 civis, mas não deu detalhes sobre quantos russos estiveram envolvidos na troca. Foi a quinta troca de prisioneiros entre os dois países desde o início da guerra.
Esta terça-feira ficou também a saber-se que o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, viajará para Kiev “nos próximos dias”, segundo a imprensa do país. O Mesmo fizeram nos últimos dias a presidente da Comissão Europeia Ursula Von der Leyen, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson e uma delegação de chefes de Estado dos países bálticos. A Espanha reabrirá em breve a sua embaixada em Kiev.
Quem não é esperado em Kiev é o secretário-geral da ONU, António Guterres, que está a sentir críticas vindas de alguns sectores. Um grupo de mais de 200 antigos membros da ONU (alguns deles de topo, como subsecretários) escreveu a Guterres, alertando-o para que, a menos que o secretário-geral se esforce mais para assumir a liderança na mediar a paz na Ucrânia, a ONU arrisca não apenas a irrelevância, mas sua própria existência.
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