“A mais parecida com o pai” é o desígnio que Cláudia Azevedo tem vindo a carregar ao longo da sua vida, com o longo historial e exemplo do selfmade man português, e também seu pai, Belmiro de Azevedo. Mas isso não a parece incomodar, com a ‘patroa’ da Sonae a pegar no império herdado e a transformá-lo em algo muito maior e além-fronteiras.
A filha de Belmiro de Azevedo subiu ao mais alto cargo do grupo criado pelo pai no ano seguinte à morte do empresário, tornou-se a “mulher Sonae” e uma das empresárias mais reconhecidas de Portugal.
Cláudia Azevedo tornou-se na primeiro CEO feminina da Sonae, tendo deixado a presidência da Sonae Capital quando passou a liderar todo o grupo. De facto, o próprio pai dizia que a sua única filha herdeira era a mais parecia consigo: mau feitio, killer instinct e abominam a palavra ‘não’.
Substituiu Belmiro de Azevedo na liderança da Sonae Capital, em 2013, e colocou a casa na ordem, tendo que as áreas de turismo e lazer foram alvo de reestruturações sob a sua liderança. Apesar da devoção e olhar atento aos passos do pai, Cláudia Azevedo soube-se impor nos negócios.
“Na sequência da vontade manifestada pelos Engs. Paulo Azevedo e Ângelo Paupério de, após o termo do corrente mandato, passarem o testemunho das funções até agora exercidas no conselho de administração da Sonae, (…) comunicou à EFANOR a sua intenção de fazer eleger para o cargo de Presidente da sua Comissão Executiva, com efeitos a partir do termo do corrente mandato, a Drª Cláudia Azevedo”, lia-se no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a 17 de julho de 2018. O cargo oficial só chegaria em abril de 2019.
A Forbes Portugal voltou a destacar o valor da empresária e ‘patroa’ da Sonae na última edição das mulheres mais poderosas de Portugal. Assim, a revista colocou Cláudia Azevedo no segundo lugar do ranking geral, arrecadando um total de 85 pontos. Nesta mesma lista, posicionou-se no primeiro lugar da categoria Moda, Distribuição e Retalho.
Dos três filhos de Belmiro Azevedo e Maria Margarida Carvalhais, Cláudia Azevedo foi a única que estudou em Portugal. Licenciou-se em Gestão na Universidade Católica e tem um MBA no INSEAD.
A empresária entrou para a Sonae no início da década de 90, ingressando no grupo para fazer marketing no Banco Universo.
Desde essa altura, o seu currículo é extenso. Fez parte do conselho da Efanor, foi presidente da administração da Linhacom, subiu ao conselho de administração da Sonaecom em 2006 e também da Sonae Invesment Management. Em 1998 assumiu a direção de marketing da operadora de telecomunicações Optimus.
Em 2009 tornou-se membro do conselho de administração do jornal Público e é, desde 2013, membro não executivo do conselho de administração da NOS. Em 2012, tornou-se administradora da Zopt, constituída pela Sonaecom e Isabel dos Santos, uma relação que terminou em 2022 após as buscas e acusações à empresária angolana por parte da Justiça.
Foi já sob a liderança de Cláudia Azevedo que a Sonae ganhou outro destaque, nomeadamente na paridade de género: em 2023, o grupo atingiu os 40% e quer chegar aos 46% até 2026. Mais recentemente, a Sonae alcançou uma pontuação de 85,5% no Bloomberg Gender-Equality Index, que representa um crescimento de 7,7 pontos-base e evidencia o crescimento da empresa em termos de igualdade de género.
No ano passado, conquistou o Prémio BPI Mulher Empresária, que foi considerada uma das personalidades mais influentes da economia portuguesa. O prémio foi-lhe entregue pelo seu perfil de liderança, visão estratégica e compromisso com sustentabilidade, diversidade e inclusão.
Para mostrar que sabe o que faz (alguma vez foram precisas provas?), a Sonae de Cláudia Azevedo concluiu três negócios internacionais, onde o investimento superou os mil milhões de euros: a Musti (detida em 80,65%) comprou a PetCity e expandiu operação para a Finlândia, Suécia e Noruega; fusão da Arenal e Druni, criando a empresa líder de mercado no segemento de beleza, saúde e bem-estar na Península Ibéria; Sparkfood comprou 89% da francesa de nutrição BCF Life Sciences, num negócio de 152 milhões de euros.
Descrita como uma pessoa reservada e com pouco a saber-se da sua vida pessoal, é apenas do conhecimento público que Cláudia Azevedo é casada com Miguel Barros, CEO da Fuel Lisboa durante 18 anos, atual presidente da Havas Creative Group Portugal e também presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Publicidade, Comunicação e Marketing. Juntos têm dois filhos: Lucas e Margarida.
Neste ano que terminou, a família Azevedo ficou no quarto lugar dos maiores patrimónios de Portugal. Os três irmãos viram o império Sonae avaliado em 2,38 mil milhões de euros.
Belmiro de Azevedo morreu aos 79 anos, em novembro de 2017, recolhendo o título de um dos homens mais ricos de Portugal. Na altura deixou uma fortuna avaliada em dois mil milhões de dólares, que foi então distribuída pelos seus herdeiros: Paulo, Cláudia e Nuno.
O então selfmade man começou na Efanor (Empresa Fabril do Norte) e depois foi convidado a integrar a Sonae, uma empresa de madeiras, tendo vindo a assumir o controlo a companhia em 1974, contra os herdeiros Pinto de Magalhães.
Foi após o seu controlo que a Sonae viria a estender a sua atividade para áreas de comércio (hipermercados), comunicações (jornal Público) e telecomunicações (Optimus, hoje NOS). A partir de 1985, 11 anos depois de assumir o controlo, a Sonae passou a ser cotada na Bolsa de Lisboa.
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