Após o “Alerta de Guterres” e a “Indignação de Greta” urge concentrar os esforços coletivos numa intervenção efetiva onde o rigor e a assertividade sejam o caminho da descarbonização do planeta e da sua sustentabilidade futura, evitando “o” desastre climático.

Chegou a hora para que os planos de ação concretos ocupem a dianteira no Pacto Climático pois só assim conseguiremos impedir que a desinformação, o soundbite e a acomodação vençam a batalha para minimizar as alterações climáticas.

Muito se diz e discute, muito se argumenta e contra-argumenta, muito se contesta. Mas são poucos os países que dão o exemplo como Portugal, com decisões atempadas, com estratégias definidas com planeamento rigoroso e prazos que, a ser cumpridos, vão permitir cumprir as metas do Acordo de Paris, quiçá, antecipá-las, como é objetivo.

Quando falo em rigor, falo em criar objetivos e prioridades atingíveis, por cada país, por cada empresa, por cada indivíduo, que contribuam para os objetivos de descarbonização, mas também, e fundamentalmente, para alavancar os parceiros, a montante e a jusante do processo operacional e produtivo, pois o “fazer sozinho em cada país” já não é uma solução viável nesta equação da sustentabilidade.

Portugal tem cumprido, mas isso só não chega! Temos de perceber onde e como investir, do dólar ao yuan, para garantir a referida sustentabilidade ambiental, mas com os menores custos sociais, pagando para fazer uma transição solidária, onde ninguém fica para trás, com uma governação das organizações, com um maior foco no ambiente e no bem-estar social (conforme a abordagem do modelo ESG) e não só nos resultados financeiros.

Para qualquer plano de intervenção que vise a inovação climática, a água é um fator determinante. É um recurso essencial, escasso e um capital natural que não devemos desgastar, pondo em causa o seu futuro. Arranjar novas origens de água é essencial para proteger os aquíferos e origens naturais que devem ser reservados para usos nobre como o consumo humano.

Só com a reutilização de água, com novas autoestradas de água para zonas em stresse hídrico vamos conseguir ter alimentos com menor pegada ecológica e produzidos localmente, para minimizar custos financeiros e ambientais com transportes à volta do mundo. É uma ideia chave que carece de aplicação…

Na verdade, a água não é uma só. Temos “várias” águas, com diferentes parâmetros de qualidade. À saída de uma fábrica de água, as ETAR 2.0, a água usada e tratada pode ter a qualidade que for pretendida e adequada à utilização futura. Pode servir para produzir cerveja, de que é exemplo a cerveja Vira, lançada pela Águas do Tejo Atlântico para dar confiança à reutilização, e até à produção de hidrogénio verde.

Havendo projetos em que se aproveita a água do mar para o processo da eletrólise, temos as águas residuais tratadas para a instalação de unidades de produção de Hidrogénio à saída de Fábricas de Água, aproveitando o biogás da digestão das lamas como fonte de energia. Um exemplo de circularidade, sem os problemas da salmoura que a utilização da água do mar sempre provoca.

Este é um exemplo real de um contributo que as empresas de água e saneamento podem dar às suas comunidades, contribuindo para o Clima 5.0, dando a dimensão da “ação positiva” ao movimento climático, para uma Sociedade 5.0 cada vez mais informada e exigente.