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“Clima de terror”. Herdade de Gâmbia em Setúbal denuncia grupo criminoso que recorre a armas de fogo para roubar cortiça

Guarda da propriedade ferido e várias viaturas alvejadas. Este é o balanço de mais de uma década de terror vivido na herdade na reserva natural do estuário do rio Sado. Grupo criminoso tem-se dedicado ao roubo de cortiça de animais e de equipamento. Proprietários queixam-se de falta de ação por parte da GNR, do Ministério Público, da autarquia de Setúbal e do ICNF.
19 Agosto 2021, 17h46

Os roubos sucedem-se há 12 anos. E as constantes queixas apresentadas às autoridades não têm surtido efeito. Os proprietários da Herdade de Gâmbia, a nove quilómetros de Setúbal, vieram a público denunciar o “clima de terror” perpetuado por uma “associação criminosa”.

“Nos últimos 12 anos a Herdade de Gâmbia e a região onde se insere, tem vindo a ser alvo de atos de vandalismo consubstanciados em numerosos furtos de animais, de infraestruturas destinadas a maneio do gado, utensílios de uso agrícola, corte e destruição de vedações e respetivos portões de acesso, e descortiçamento selvagem de árvores sem a idade legal para o efeito”, começam por denunciar os proprietários em comunicado.

A herdade revela mesmo que foram “alvejadas por várias vezes as viaturas” dos seus guardas, tendo  um deles “sido ferido num desses atos”.

Esta herdade à beira do rio Sado conta com 600 hectares e é conhecida pela produção de vinho. Neste local, também se faz observação de aves, contando também com uma quinta pedagógica para os mais novos.

Ao longo dos anos contabilizam-se  “milhares de sobreiros alvo do descortiçamento selvagem, de cortiça sem idade legal, com o entre casco seriamente danificado, comprometendo a vida do montado o que, para além do prejuízo que já ultrapassa muitas centenas de milhares de euros constitui inequivocamente um verdadeiro crime ecológico”.

A Herdade de Gâmbia explicam que a sua área de exploração está dentro da Reserva Natural do Estuário do Sado na sua totalidade, cujo “regulamento cumpre escrupulosamente, e ainda dentro das normas estipuladas por um Plano de Gestão Florestal próprio, aprovado oficialmente”.

“Apesar das inúmeras queixas apresentadas junto da GNR, do Ministério Público e das entidades oficiais, que tutelam a região e a nossa atividade, tudo isto se passa perante a indiferença do poder autárquico, e do ICNF-Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, ao contrário, sempre muito zelosos em verificar se a nossa atividade está devidamente licenciada e de acordo com a lei”, denunciam os proprietários.

A Herdade da Gâmbia revela que “nos últimos meses, a atividade intimidatória do grupo criminoso, voltou a acentuar-se, tendo sido furtados e vandalizados mais de 200 sobreiros de cortiça sem idade legal, e inclusivamente alvejada uma viatura a tiro. Os furtos foram presenciados por várias pessoas da população tendo estas identificado claramente os criminosos, mas compreende-se, a dificuldade de as testemunhas oficializarem as ocorrências, tendo em conta o clima de medo e de terror”.

Perante a “indiferença e inoperância da entidades acima mencionadas”, os proprietários declinam “qualquer responsabilidade por um verdadeiro crime ecológico dentro duma reserva natural, que está a ocorrer à vista de todos, no montado de sobro sob a nossa responsabilidade, e lamentamos profundamente que a entidades oficiais, pagas pelos nossos impostos, não cumpram o seu dever, com evidente prejuízo para toda a população”.

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