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Colapso do governo em França não trava subida das bolsas

Principal índice da bolsa francesa, o CAC 40, continua a mostrar um bom desempenho, apesar do colapso do governo de Michel Barnier. S&P500 atinge mais um recorde após declarações otimistas de Powell.
5 Dezembro 2024, 09h54

As bolsas europeias negoceiam em alta após uma queda ligeira na abertura, com a incerteza gerada com o colapso do governo francês a ser compensada com o efeito positivo das declarações do presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, que mostrou otimismo com a evolução da economia norte-americana, refere um research da BA&N.

“Foi sem surpresa que o governo de Michel Barnier foi derrubado no parlamento francês depois de terem sido aprovadas moções de censura por parte dos partidos da esquerda radical e da extrema-direita”. Barnier deve formalizar esta quinta-feira o pedido de demissão, mas continuará em funções até Emmanuel Macron nomear um novo primeiro-ministro.

A segunda maior economia da Zona Euro entra agora em território desconhecido e com um governo sem poder para inverter a trajetória de degradação das contas públicas, refere o estudo. França deverá fechar 2024 com um défice orçamental de 6% e os cortes de 60 mil milhões de euros previstos no orçamento que foi “chumbado” só iriam reduzir o défice para 5% do PIB em 2025.

Apesar das perspetivas sombrias em França, o índice CAC está a valorizar pela sexta sessão consecutiva, evidenciando que os investidores consideram que a queda de 10% nas ações francesas desde que foram convocadas as eleições em junho já refletem o impacto desta crise. A yield das obrigações francesas a 10 anos cede três pontos base para 2,87%, encurtando o spread face à dívida alemã para 80 pontos base. O euro também consegue negociar em alta esta manhã, transacionando acima de 1,05 dólares. Contudo, os analistas assinalam que esta crise em França acentua a atratividade das ações norte-americanas face às europeias, apesar de já existir uma diferença de 20 pontos base no desempenho dos índices dos dois lados do Atlântico em 2024.

Enquanto o Stoxx600 valoriza 8% este ano, o S&P500 já sobe 27,6% e esta quarta-feira fixou o 56.º recorde deste ano, com o índice norte-americano a ser embalado pelo setor tecnológico depois de resultados muito fortes da Salesforce (ações dispararam 11%) e da Marvel Technology (23%). As ações em Wall Street também foram impulsionadas pela quebra do setor dos serviços que cimenta as expetativas de cortes de juros da Fed em dezembro, bem como pelas declarações otimistas do presidente do banco central. Jerome Powell disse que a economia norte-americana continua a evoluir em boa forma, o que permite à Fed atuar com cautela no alívio da política monetária até os juros atingirem um nível neutral.

“O apetite pelo risco em Wall Street também está evidente na evolução da Bitcoin, que atingiu esta noite um marco histórico ao negociar pela primeira vez acima dos 100 mil dólares”. A valorização da criptomoeda surge em reação à nomeação de Paul Atkins para substituir Gary Gensler à frente da SEC, uma vez que o próximo líder do regulador do mercado de capitais é um defensor destes ativos. A Bitcoin dispara 145% em 2024, com um avanço de quase 50% desde que Donald Trump ganhou as eleições.

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