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Colapso dos corais e desaparecimento da Amazónia vão custar mais de 2,6 biliões à economia mundial

A probabilidade de riscos ambientais ocorrerem esta década figuram no topo dos receios dos inquiridos para o relatório ‘Global Risks Report 2020’. O colapso dos recifes e o desparecimento da Amazónia estão entre os principais desastres ambientais com elevado impacto para a economia mundial. Só o desaparecimento da floresta Amazónica poderá ter custos económicos superiores a três biliões de dólares.
15 Janeiro 2020, 09h30

O “colapso” dos recifes de coral foi identificado como um dos principais riscos ambientais para a economia mundial pela 15ª edição do Global Risks Report 2020, elaborado pelo Forum Económico Mundial (FEM) e que foi divulgado esta quarta-feira.

Uma vez que são “cruciais” para os oceanos, “os recifes no oceano contribuem para a subsistência de pelo menos 500 milhões de pessoas, a maioria das quais vive em economias sub-desenvolvidas”, frisou o relatório. Por ano, “os recifes geram 36 mil milhões de dólares (32,3 mil milhões de euros) para a indústria do turismo, sendo que a Grande Baía do Coral na Austrália representa 15% do total”, prosseguiu o FEM.

O relatório, realizado em parceria com as seguradoras Marsh & McLennan Companies e a Zurich Insurance Group, explicou ainda que, no caso de a temperatura global subir 1,5ºC, “entre 70% a 90% dos recifes poderão diminuir e, a temperaturas mais altas, poderão desaparecer”.

A confirmar-se, os recifes deixariam de proteger as populações costeiras de inundações, o que poderá causar danos no valor de quatro mil milhões de dólares por ano (3,6 mil milhões de euros), revelou o FEM, citando um estudo. Além disso, o desaparecimento dos corais teria mais consequências nefastas para o ser humano porque “até 80% do oxigénio que respiramos vem do oceano”.

“Sem recifes, as comunidades costeiras estarão mais vulneráveis a tempestades”, lê-se. Além disso, “à medida que os oceanos se tornam ‘sem vida’ ou, pelo menos, extremamente transformados, as indústrias pesqueira e turística poderão simplesmente desaparecer”, frisou o FEM.

Em terra, o “desaparecimento” da Amazónia também foi identificado como outro grande risco ambiental com forte impacto na economia. Nos últimos 50 anos, a floresta amazónica “perdeu 17% do tamanho”. “A Amazónia absorve agora um terço menos de carbono do que há uma década”, referiu o relatório.

Outro sinal de alarme sobre o desaparecimento da Amazónia foi dado a conhecer por uns cientistas que descobriram que se a grande floresta perder mais 20% a 25% do seu tamanho, “chegaria a um ponto sem retorno, em que um ciclo vicioso de seca, incêndios e cobertura florestal perdida seria irrecuperável”.

As consequências do desaparecimento da Amazónia, além de pôr em causa 10% das espécies terrestres que aí vivem, também significaria que o ser humano iria deixar de descobrir potências curas para doenças e criaria as condições para “incêndios e inundações na região mais intensos, assim como padrões imprevisíveis de períodos de chuva ou seca”.

“Isto colocaria em causa a produção de alimentos, aumentar a escassez da água e reduzir a geração de hidroenergia, com custos económicos superiores a três biliões de dólares [2,6 biliões de euros]”, referiu o relatório.

Probabilidade de desastres ambientais entre os maiores receios para a próxima década

“Pela primeira vez na história do Global Risks Perception Survey, as preocupações ambientais dominam os riscos de longo-prazo em termos de probabilidade” para os inquiridos pelo Fórum Económico Mundial (FEM).

Entre os dez riscos identificados como mais prováveis de ocorrer na próxima década, os cinco primeiros são riscos ambientais. São eles os riscos causados por eventos climáticos extremos, fracasso no combate às alterações climáticas, desastres naturais, perda da biodiversidade e desastres ambientais causados pelo Homem.

As consequências destes riscos vão dos danos causados à propriedade, infraestruturas e até à perda de vida, passando pela incapacidade de proteger populações e economias afetados pelas alterações climáticas, até às consequências irreversíveis para o ambiente, que resultarão em recursos “severamente” reduzidos para o ser humano e para a economia.

O relatório alertou para o degelo do Ártico e referiu que está a alterar a geopolítica nesta região do globo, criando uma nova “guerra fria”. “Países – que incluem a China, a Noruega, a Rússia e os Estados Unidos – compentem por peixe, gás e outros recursos naturais, por novas rotas piscatórias e para estabelecerem uma presença estratégica na região”, lê-se.

Com o degelo do Pólo Norte, os esforços do Conselho do Ártico, que durante duas décadas foram um “mecanismo de colaboração multilateral” entre os oitos países do Ártico – Canadá, a Dinamarca, a Finlândia, a Islândia, a Noruega, a Rússia, a Suécia e os Estados Unidos – deram lugar a um novo paradigma. “A Rússia e a China deram prioridade ao desenvolvimento da Rota Marítima do Norte e o departamento de defesa norte-americano divulgou a sua estratégia para o Ártico em julho”.

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