O preço do petróleo desacelerou nas últimas semanas, com o brent de referência na Europa a negociar próximo dos 72 dólares por barril e longe dos 86 dólares atingidos no início de outubro. No entanto, a margem entre oferta e procura é apertada, tornando o mercado suscetível a eventos que aumentem a procura ou reduzam a oferta. Esta segunda-feira, as novas sanções dos EUA ao Irão foram disso prova, com o preço a voltar a subir.
Os recentes aumentos na produção na Arábia Saudita e na Rússia estão a levar os dois maiores produtores do mundo a operarem próximos do potencial no curto prazo. Apesar de ambos terem capacidade de bombear mais petróleo a longo prazo, a curto prazo estão mais limitados. Por outro lado, os EUA têm-se tornado, nos últimos anos, cada vez mais importantes na definição do preço.
Os preços subiram esta segunda-feira, após cinco dias de queda, com a formalização das sanções dos EUA ao Irão. No entanto, houve oito países que ficaram de fora e as sanções já eram antecipadas há meses, o que limitou a pressão sobre os preços.
“Não estamos a assistir ao rally dos preços que muitos participantes do mercado esperam que houvesse com a situação do Irão”, afirmou Bob Yawger, diretor de futuros da Mizuho, em declarações à agência Reuters. Yawger explicou que a isenção dada a alguns países, a par da recente tendência de baixa nos mercados acionistas alimentou alguma preocupação sobre o procura global por petróleo.
O brent negociado em Londres avança, às 19h30 (hora de Lisboa) 0,27% para 73,03 dólares por barril, enquanto o crude WTI de Nova Iorque negoceia nos 63,03 dólares, a corrigir com uma perda de 0,17%.
Menos otimista é Homayoun Falakshahi, analista sénior da Wood Mackenzie, que defendeu que o impacto das sanções dos EUA nas exportações de petróleo de Teerão, fazem com que “o inverno se torne um risco maior”.
“Será difícil para o Irão maximizar as exportações quando virtualmente todo o comércio de petróleo é transacionado em dólares norte-americanos, colocando as empresas petrolíferas internacionais, muitas companhias petrolíferas nacionais, traders e bancos fora dos limites”, afirmou.
A questão é exacerbada quando a agência norte-americana Energy Information Administration estima que, este inverno, os gastos das famílias do país com combustíveis para aquecimento seja superiores às do ano passado, no caso dos combustíveis em 20%.
Com o inverno a aproximar-se, uma interrupção súbita em qualquer país produtor, ou mesmo temperaturas mais baixas que o esperado que levem a um maior consumo de combustível que o esperado podem deixar produtores com menor margem de reação para compensar a escassez de oferta, levando a um aumento repentino nos preços do petróleo e a uma queda nos stocks, de acordo com o analista.
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