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Com vinho mas sem telemóveis. O que se passa nos bastidores do Brexit

O Brexit voltou a estar num impasse, e sem uma decisão. Mas enquanto Theresa May discursava, os seus ministros estavam acompanhados de vinho mas sem telefones, por receio de escutas.
3 Abril 2019, 17h15

Os representantes do gabinete de Theresa May tiveram de entregar os seus telemóveis quando entraram na reunião de terça-feira. De acordo com a Bloomberg, a explicação tem uma razão histórica pois serve de prevenção para que caso os dispositivos sejam pirateados, as conversas secretas não sejam ouvidas.

Segundo a Bloomberg, qualquer espião que queira informações só precisa de aceder ao Twitter dos ministros rivais, dez minutos depois do fim da reunião, para perceber o que se passou durante o dia. No entanto, o jornal norte-americano descreveu os acontecimentos enquanto o Governo esteve reunido.

Primeiro, o Partido Conservador reuniu-se, sem qualquer civil nas imediações. Theresa May abriu a sessão e explicou que queria visões em diferentes aspetos. Ainda assim, o Parlamento britânico recusou concordar com o Brexit ou com outro acordo, um não-acordo iria envolver um desastre económico, e a extensão das negociações era um ponto negativo. Para requerer uma extensão, May teria de se dirigir ao Parlamento europeu, a 10 de abril, e desenvolver um plano.

As intervenções na reunião rodaram a mesa e todos falaram, segundo o jornal, alguns mais do que uma vez. A discussão durou cerca de quatro horas, mas até o almoço foi serviço. No entanto, em vez a lasanha e das batatas cozidas, aquando da sua eleição em 2017, May escolheu servir as mais variadas sandes. No evento foram distribuídas sandes de queijo, fiambre, atum, frango, vaca e ovo, e um ministro descreveu-as como “adequadas” ao momento.

O jornal ‘The Telegraph’ disse que a maior parte do gabinete apoiou um não-acordo em vez do plano de May, mas duas pessoas que estiveram presentes garantiram que não existiram votos. Claire Perry, uma das ministras presentes, afirmou no Twitter que apenas quatro ministros falaram a favor de um não-acordo do Brexit.

Apesar de na noite de terça-feira nenhum ministro se ter demitido, esta quarta-feira já dois ministros apresentaram a demissão. O subsecretário de Estado para o País de Gales, Nigel Adams, foi o primeiro a apresentar a sua saída. Seguiu-lhe Chris Heaton-Harris, subsecretário de Estado para a Saída da União Europeia, que discorda com a opção de Theresa May em pedir um novo adiamento à UE.

Após a reunião de terça-feira, May falou à imprensa britânica e internacional. No entanto, o discurso não foi o esperado porque a primeira-ministra britânica planeava anunciar a última decisão do Governo. Enquanto May discursava, os seus ministros ainda permaneciam sem telemóveis mas acompanhados de vinho chileno.

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